A recompensa é paga em cupons -chamados Top Premium- que podem ser trocados por mercadorias ou serviços na rede de estabelecimentos credenciados.
Instituído pelo Disque-Denúncia dentro do programa Desarme o Bandido, prêmio vale para fuzil, metralhadora ou submetralhadora
Policial tem direito a R$ 1.000, mas valor pode dobrar; quem ligar para o serviço indicando a localização também recebe R$ 1.000
FÁBIO GRELLET
DA SUCURSAL DO RIO
Um soldado da Policia Militar do Rio ganha por mês salário inicial bruto de R$ 909,49, mas, se apreender um fuzil, uma metralhadora ou uma submetralhadora, pode receber de uma só vez até R$ 2.000 -mais de duas vezes o próprio salário.
O prêmio foi instituído no mês passado pelo serviço Disque-Denúncia como parte do programa Desarme o Bandido. Quem ligar para o serviço indicando a localização de qualquer dessas armas também é recompensado: recebe R$ 1.000, desde que a denúncia resulte na apreensão do equipamento.
O policial que localizar e apreender qualquer dessas armas tem direito a R$ 1.000, independentemente das condições em que a apreensão ocorrer. Mas o prêmio pode dobrar se atendidos três requisitos: a apreensão for conseqüência de um aviso apresentado ao Disque-Denúncia, a operação for divulgada pela imprensa e não houver violência. Em todos os casos, o prêmio depende da confirmação, por meio de perícia, de que a arma esteja em condição de uso.
A recompensa é paga em cupons -chamados Top Premium- que podem ser trocados por mercadorias ou serviços na rede de estabelecimentos credenciados.
Mais apreensões
A premiação multiplicou a apreensão de armas: em julho, primeiro mês da campanha, foram localizadas dez armas. Em todo o primeiro semestre haviam sido 19, média de 3,1 por mês. Em 2007 haviam ocorrido 17 apreensões. Nessa época, o prêmio de R$ 1.000 aos denunciantes já existia, mas a polícia não recebia recompensa nenhuma.
Das dez apreensões de julho, três tiveram origem em denúncias anônimas e outras sete foram localizadas por policiais sem auxílio de ninguém.
"Vamos pagar R$ 16 mil pelo resultado de julho", afirma Zeca Borges, coordenador do Disque-Denúncia. Desse valor -que, segundo Borges, será entregue até 10 de agosto-, R$ 13 mil caberão a policiais e R$ 3.000 a autores de denúncias.
Para entregar os prêmios sem identificar o autor da acusação, como é regra no Disque-Denúncia, serão agendados encontros em lugares de grande movimento, como shoppings e agências bancárias. "Qualquer técnica para identificar a pessoa sem precisar saber seu nome será válida: usar senha, avisar a roupa que a pessoa estará vestindo, coisas assim", diz.
"Caçadores"
Não são apenas armas que rendem recompensas oferecidas pelo Disque-Denúncia. Informações que levem à prisão de Antônio de Souza Ferreira, o Tota, apontado pela polícia como o chefe do tráfico no complexo do Alemão, valem R$ 10 mil. E até um balão pode render de R$ 300 a R$ 1.000. O dinheiro é doado por particulares. O serviço já chegou a oferecer R$ 100 mil pela captura de Fernandinho Beira-Mar, mas ninguém fez jus a esse valor.
"Quando entregamos o prêmio, aconselhamos as pessoas a não virarem caçadoras de recompensas", afirma Borges. "E, como não queremos que alguém substitua o trabalho da polícia, ninguém pode levar a arma diretamente à polícia. É preciso ligar para nós, para que a gente acione os policiais."
No mercado ilegal do Rio um fuzil vale até R$ 30 mil, estima o governo. Mas o coordenador do Disque-Denúncia não teme que alguém prefira comercializar as armas com bandidos. "Não podemos pensar dessa forma. Não vamos negociar com bandidos, mas sim premiar pessoas honestas."
Sei lá, pode funcionar bem, mas esse tipo de coisa sempre me traz à mente os caras que passaram a criar ratos quando as autoridades começaram a pagar por roedor morto para evitar a peste.
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