Que vergonha... Está na hora de uma nova CPI do sistema prisional. Ainda tem muito esqueleto enterrado aí!
A área de obras parece ser o gerador de "caixa 2" de muitos governos, sejam eles psdbistas, petistas, malufistas ou de qualquer outro partido. Um governante sério teria que colocar sua pessoa de maior confiança lá.
* * *
São Paulo, quinta-feira, 2 de outubro de 2008
SP tem prisão de concreto "oco" e muro frágil
Presídios foram feitos na gestão Alckmin em desacordo com projeto; concreto é facilmente escavável, diz relatório do governo
Prisões foram feitas pela DM Construtora por R$ 25,5 mi; obras foram vistoriadas pela estatal CPOS (Companhia Paulista de Obras e Serviços)
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Em dezembro de 2006, 21 presos fugiram de uma das penitenciárias de segurança máxima de Lavínia, que abrigava integrantes do segundo escalão da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital). Não houve, porém, nada de espetacular na fuga. Os presos cavaram um túnel e escaparam. Uma vistoria na obra apontou as razões da fuga fácil.
A muralha não tinha os dois metros de profundidade previstos no projeto. As placas de aço projetadas para vedar as celas também não existiam.
De segurança máxima, a penitenciária só tinha o nome, segundo relatório da Secretaria de Administração Penitenciária ao qual a Folha teve acesso.
A supressão da muralha subterrânea e de placas de aço de 8 mm do chão das celas ocorreu em duas penitenciárias ditas de segurança máxima da cidade, a 600 km de São Paulo. As duas comportam 1.536 detentos.
Não são as únicas irregularidades nas obras. O chão das celas ainda deveria ser protegido por uma camada de 30 cm de pedras do tipo rachão, maiores do que as de brita, para evitar túneis. A medida de segurança foi suprimida na obra.
O teto das celas é de concreto "alveolar", que é oco. Facilmente escavável, a laje revelou-se um ótimo esconderijo para celulares e drogas, conforme dizem os próprios diretores da prisão. O concreto alveolar também foi usado na muralha, segundo a secretaria.
Esse tipo de laje, inadequado para prisões, foi usada em seis presídios de segurança máxima do Estado, "gerando perplexidade" na equipe do Departamento de Engenharia da secretaria, conforme o relatório. Além dos de Lavínia, essa tecnologia foi empregada em Guareí e Balbinos -cada cidade abriga duas prisões desse tipo.
O que chama atenção no relatório oficial é que não houve aditivo ao contrato que permitisse suprimir a muralha. E foi permitido não instalar as placas de aço e trocar o tipo de concreto sem que o valor fosse caísse. Ao contrário, subiu 5%.
Por causa das falhas, o governo de José Serra (PSDB) cogitou até fechar os dois presídios. Preferiu, porém, desativar parte dos dois presídios e transferiu os presos mais perigosos.
Os presídios de Lavínia foram inaugurados em janeiro de 2006, no governo de Geraldo Alckmin (PSDB). Ele cita a expansão do sistema prisional como uma das grandes realizações de seu governo. Alckmin não quis se pronunciar.
As duas prisões foram feitas pela DM Construtora, do Paraná, por R$ 25,5 milhões. As obras foram vistoriadas pela estatal CPOS (Companhia Paulista de Obras e Serviços).
O diretor de uma das prisões afirma que um engenheiro da CPOS, chamado "Valverde", apontou e anotou em documento próprio as "distorções que encontrava". Resultado: foi transferido para outra obra.
A CPOS fez vistas grossas e até tentou esconder as irregularidades, segundo a Administração Penitenciária, que já havia fotografado partes subterrâneas da obra para desmentir a versão da estatal.
As irregularidades são tantas que o secretário de Administração Penitenciária, Antonio Ferreira Pinto, levou o caso ao TCE (Tribunal de Contas do Estado) e ao Ministério Público.
Nos documentos, Ferreira Pinto diz: "Lamentavelmente, os presídios são vulneráveis, e só se evidenciou a manipulação de alguns itens essenciais à segurança após visita realizada em agosto de 2007", quando ele vistoriou as obras.
O relatório, sem citar valores, não economiza expressões como "graves conseqüências ao erário e à segurança" e "inúmeras irregularidades".
As falhas, porém, eram apontadas desde 2005. Em dezembro daquele ano, quando as obras foram finalizadas, o diretor do presídio, Eduardo Martins, diz ter constatado que havia "falhas estruturais".
Martins diz que informou as falhas ao secretário da Administração Penitenciária à época, Nagashi Furukawa.
URL: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff0210200801.htm
O diretor de uma das prisões afirma que um engenheiro da CPOS, chamado "Valverde", apontou e anotou em documento próprio as "distorções que encontrava". Resultado: foi transferido para outra obra.
A CPOS fez vistas grossas e até tentou esconder as irregularidades, segundo a Administração Penitenciária, que já havia fotografado partes subterrâneas da obra para desmentir a versão da estatal.
A área de obras parece ser o gerador de "caixa 2" de muitos governos, sejam eles psdbistas, petistas, malufistas ou de qualquer outro partido. Um governante sério teria que colocar sua pessoa de maior confiança lá.
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São Paulo, quinta-feira, 2 de outubro de 2008
SP tem prisão de concreto "oco" e muro frágil
Presídios foram feitos na gestão Alckmin em desacordo com projeto; concreto é facilmente escavável, diz relatório do governo
Prisões foram feitas pela DM Construtora por R$ 25,5 mi; obras foram vistoriadas pela estatal CPOS (Companhia Paulista de Obras e Serviços)
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Em dezembro de 2006, 21 presos fugiram de uma das penitenciárias de segurança máxima de Lavínia, que abrigava integrantes do segundo escalão da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital). Não houve, porém, nada de espetacular na fuga. Os presos cavaram um túnel e escaparam. Uma vistoria na obra apontou as razões da fuga fácil.
A muralha não tinha os dois metros de profundidade previstos no projeto. As placas de aço projetadas para vedar as celas também não existiam.
De segurança máxima, a penitenciária só tinha o nome, segundo relatório da Secretaria de Administração Penitenciária ao qual a Folha teve acesso.
A supressão da muralha subterrânea e de placas de aço de 8 mm do chão das celas ocorreu em duas penitenciárias ditas de segurança máxima da cidade, a 600 km de São Paulo. As duas comportam 1.536 detentos.
Não são as únicas irregularidades nas obras. O chão das celas ainda deveria ser protegido por uma camada de 30 cm de pedras do tipo rachão, maiores do que as de brita, para evitar túneis. A medida de segurança foi suprimida na obra.
O teto das celas é de concreto "alveolar", que é oco. Facilmente escavável, a laje revelou-se um ótimo esconderijo para celulares e drogas, conforme dizem os próprios diretores da prisão. O concreto alveolar também foi usado na muralha, segundo a secretaria.
Esse tipo de laje, inadequado para prisões, foi usada em seis presídios de segurança máxima do Estado, "gerando perplexidade" na equipe do Departamento de Engenharia da secretaria, conforme o relatório. Além dos de Lavínia, essa tecnologia foi empregada em Guareí e Balbinos -cada cidade abriga duas prisões desse tipo.
O que chama atenção no relatório oficial é que não houve aditivo ao contrato que permitisse suprimir a muralha. E foi permitido não instalar as placas de aço e trocar o tipo de concreto sem que o valor fosse caísse. Ao contrário, subiu 5%.
Por causa das falhas, o governo de José Serra (PSDB) cogitou até fechar os dois presídios. Preferiu, porém, desativar parte dos dois presídios e transferiu os presos mais perigosos.
Os presídios de Lavínia foram inaugurados em janeiro de 2006, no governo de Geraldo Alckmin (PSDB). Ele cita a expansão do sistema prisional como uma das grandes realizações de seu governo. Alckmin não quis se pronunciar.
As duas prisões foram feitas pela DM Construtora, do Paraná, por R$ 25,5 milhões. As obras foram vistoriadas pela estatal CPOS (Companhia Paulista de Obras e Serviços).
O diretor de uma das prisões afirma que um engenheiro da CPOS, chamado "Valverde", apontou e anotou em documento próprio as "distorções que encontrava". Resultado: foi transferido para outra obra.
A CPOS fez vistas grossas e até tentou esconder as irregularidades, segundo a Administração Penitenciária, que já havia fotografado partes subterrâneas da obra para desmentir a versão da estatal.
As irregularidades são tantas que o secretário de Administração Penitenciária, Antonio Ferreira Pinto, levou o caso ao TCE (Tribunal de Contas do Estado) e ao Ministério Público.
Nos documentos, Ferreira Pinto diz: "Lamentavelmente, os presídios são vulneráveis, e só se evidenciou a manipulação de alguns itens essenciais à segurança após visita realizada em agosto de 2007", quando ele vistoriou as obras.
O relatório, sem citar valores, não economiza expressões como "graves conseqüências ao erário e à segurança" e "inúmeras irregularidades".
As falhas, porém, eram apontadas desde 2005. Em dezembro daquele ano, quando as obras foram finalizadas, o diretor do presídio, Eduardo Martins, diz ter constatado que havia "falhas estruturais".
Martins diz que informou as falhas ao secretário da Administração Penitenciária à época, Nagashi Furukawa.
URL: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff0210200801.htm
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