segunda-feira, 20 de outubro de 2008

É fantástico

Antes de mencionar o Cel. José Vicente, ainda não tinha informações sobre sua intervenção no programa Domingão do Faustão de ontem, no qual ele defendeu a ação da polícia. Não assisti ao programa (não quero quebrar meu "jejum" de Domingão, que já completa vários anos) mas, aparentemente, ele apontou alguns erros do GATE, porém teria defendido que tais erros não foram decisivos para a morte de Eloá. Se ele falou isso mesmo, errou.

Reportagem de 12 minutos do Fantástico contou com bons comentários de um brasileiro responsável pelo treinamento da SWAT texana. Ele lista os erros cometidos pelo GATE (além daqueles já apontados por Rodrigo Pimentel no artigo do meu post anterior, ele também compara com o modus operandi da SWAT, o que agrava ainda mais os erros cometidos na semana passada), e mostra que, sim, o GATE poderia ter evitado a tragédia, agindo dentro do "bom senso".

Cartas no Painel do Leitor da Folha de hoje mostram dois mal-entendimentos elementares:

O primeiro, de que criticar após o fato, no conforto de seu escritório com ar-condicionado, é muito fácil, o difícil é estar lá no "calor do momento". Se não houver constante treinamento do corpo policial (de elite ou não) e, antes ainda, entendimento teórico claro de quais os melhores cursos de ação para cada tipo de crise de segurança, estamos fadados a cometer erros primários. É no "conforto" de uma situação de calma e serenidade que o modus operandi da polícia deve ser desenhado. Deixar para fazer isso numa situação de crise é receita para o desastre. E, treinando até a exaustão, minimiza-se as chances de "esquecer" os procedimentos-padrão na hora do "calor do momento".

O segundo, de que caso eles tivessem optado pelo uso de um sniper para matar o seqüestrador, os "defensores de direitos humanos" estariam em cima da polícia e do governador neste momento, atacando-os por não esgotar as possibilidades de negociação. Tanto no caso do ônibus 174 quanto neste de Santo André, o que ouvi desses "defensores de direitos humanos" (alguém não é?) é de que a lei e os regulamentos disciplinares da corporação deveriam ter sido seguidos, ou seja, em caso de ameaça de morte ou perigo para o agente ou para terceiros, a polícia poderia (e deveria) usar força mortal. Alguém iria reclamar? Certamente que iria. Como estão reclamando agora! Mas, mais uma vez, a omissão dos responsáveis pela decisão do uso da força não pode ser creditada a uma eventual "gritaria" de terceiros. Dos males, o menor. Entre o risco claro e evidente da vida das duas meninas seqüestradas, que estavam sob a ameaça de revólver, e o risco potencial de ouvir gritos de ongueiros por conta da morte do seqüestrador, apenas São Paulo e Rio escolheriam correr o primeiro risco em vez do segundo. É quase inacreditável.

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