segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Caution: Obama ahead

Registration Gains Favor Democrats
Voter Rolls Swelling in Key States; Obama ahead 5.9% (average) and leading in Ohio, Virginia, North Carolina
By Alec MacGillis and Alice Crites  |  Washington Post Staff Writers  |  Monday, October 6, 2008; A01
http://www.washingtonpost.com/wp-dyn/content/article/2008/10/05/AR2008100502524.html

A notícia é animadora mas...
 
Os novos registros são realmente maciçamente pró-Obama, e acho que quem se registra este ano é porque realmente quer votar. O problema é que, numa eleição em que no máximo 60% da população comparece às urnas, quem vai decidir a eleição são os 40% que custumeiramente ficam em casa (ou trabalham, já que lá as eleições acontecem em dias úteis). No caso de uma avalanche pró-Obama nas pesquisas, aqueles mais conservadores, racistas ou fundamentalistas (que temem um "presidente não-americano e muçulmano") podem ficar motivados a votar este ano, e se tornarem o fiel da balança.
 
Outro desafio é o da precisão das pesquisas eleitorais. Ótima edição da New York Magazine sobre a questão racial na campanha, de começo de agosto, fala da dificuldade de capturar o fator "raça" na escolha dos eleitores. Uma técnica interessante é a da pergunta indireta, como eles bem explicam:

The question is just how accurate any of these numbers are. Polling on African-American candidates has often been unreliable in the past, overstating support for them, coughing up large blocs of alleged undecideds who actually have no intention of voting for a black contender but are too embarrassed to say so. "I know a lot of Republicans who are aware of surveys in this race that ask the ballot question 'Who are you voting for?' and then ask the 'Who are your neighbors voting for?' question," says a GOP operative, referring to a common pollsters' tactic of seeing through obfuscation revolving around race. "And between the first and second question, you see a five-to-ten-point shift in the answers. There's a great big lump under the rug." (The Color-Coded Campaign)

Eles estão preocupados com o chamado "Bradley effect", em homenagem ao ex-prefeito negro de Los Angeles, Tom Bradley. Em 1982, ele perdeu a disputa do governo da Califórnia apesar de estar à frente nas pesquisas. Essa é uma distorção comum nas pesquisas nos EUA quando há candidato negro concorrendo com um branco.
 
Outra questão que costuma ser subdimensionada é o registration purging, ou seja, os eleitores cujos registros são apagados do sistema (por motivos vários). Na eleição de 2004, em Ohio um número suficientemente grande de registros pró-Kerry foi apagado a ponto de garantir a reeleição a Bush. Artigo extenso da Rolling Stone, escrito por Robert F. Kennedy Jr., dá indícios bastante forte de que isso tenha sido deliberado, e em vários estados. Nas eleições de 2000, Michael Moore apresentou, no livro Dude, Where's My Country?, dados contundentes de que a mesma coisa teria acontecido na Flórida -- que foi o estado fiel da balança naquelas eleições. Sim, eu sei, é o Michael Moore. Mas ele colocou o link para todas as matérias e dados a que ele se refere. Li o livro e achei que ele "has a point".
 
A NYMag arrisca dizer que, caso Obama não esteja pelo menos 10 pontos à frente de McCain na semana do pleito, suas chances reais não são nada boas. Obama ainda está mais longe da Casa Branca do que se supõe.

Pior: vencer as eleições é apenas a primeira etapa. Conseguir sobreviver aos quatro (ou oito) anos de mandato é a segunda, e talvez a mais difícil. Num país com uma quantidade inacreditável de desajustados com fácil acesso a armas de fogo, e que já assassinou quatro de seus presidentes (Abraham Lincoln, James Garfield, William McKinley e John F. Kennedy), muita gente acha que a vida de um Presidente Obama (soa bonito, não?!) correria perigo constante.

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