segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Cidadania e controle social

Em muitas partes do Brasil, o crime ainda compensa:

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São Paulo, segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Corrupção afeta pouco taxa de reeleição
Em cidades onde a CGU viu irregularidades desde 2005, reeleição foi de 62,5% no ano passado; taxa média nacional foi de 67%
Auditores falam de desvios, direcionamento de licitação e notas fiscais "frias'; em 22 casos, servidores recebiam Bolsa Família ilegalmente

Indícios de corrupção ou irregularidades graves nas gestões municipais não impediram que prefeitos brasileiros assumissem novamente o cargo no último dia 1º de janeiro.
Mesmo em cidades com denúncias, a taxa de reeleição não sofreu grande alteração.
Levantamento feito pela Folha nas cidades em que auditorias da CGU (Controladoria Geral da União) apontaram indícios de corrupção e em que os prefeitos concorreram novamente ao cargo mostra que a reeleição foi de 62,5%. A taxa média em todo o país foi de 67%, segundo a Confederação Nacional dos Municípios.


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É ainda pior do que parece: a alta taxa de reeleição também indica que a oposição desses municípios foi incapaz de oferecer uma alternativa politicamente viável. Algumas hipóteses vêm à minha cabeça:
  1. A oposição também tinha esqueletos dentro de seu armário, e a disputa ficou em torno de "quem é o menos pior" (como foi a eleição para prefeito aqui na cidade de São Paulo, que girou em torno das acusações mútuas).
  2. A oposição também tinha planos de continuar a "obra suja" da situação e, portanto, não interessava a ela lançar luz nos focos de corrupção da cidade.
  3. As eleições municipais ainda são muito pouco competitivas em grande parte do País -- alto custo de entrada e alto custo das campanhas, que em 2008 custaram 57% a mais do que em 2004 (e olha que nós já temos campanhas caríssimas).
  4. É a hipótese mais óbvia: corrupção não é deal-breaker para um eleitor. Isso mostra tanto a permanência da lógica "rouba, mas faz" quanto uma certa simpatia com o ato: "Se estivesse lá, faria a mesma coisa", como já ouvi de alguém.
Enquanto isso, bons exemplos da sociedade civil não abundam, mas os poucos são notáveis. Talvez o mais conhecido seja o trabalho da Transparência Internacional.

Mas o mais interessante, inovador, e "de raiz" que conheço no Brasil é o da AMARRIBO (Amigos Associados de Ribeirão Bonito). Vale a pena conhecer essa experiência! (brochura em português, inglês ou espanhol)

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