sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Mini-balanço da era Lula

Fernando de Barros e Silva faz miséria do curto espaço que tem no jornal... 7 anos em 325 palavras.

Se ainda não recomendei, faço agora: a ótima análise que a The Economist recentemente fez sobre o Brasil (Brazil takes off). Leiam enquanto o acesso ainda está aberto!

* * *


São Paulo, sexta-feira, 8 de janeiro de 2010


ABC da era Lula

FERNANDO DE BARROS E SILVA

SÃO PAULO - Fazer um resumo compreensivo dos anos Lula será um dos desafios do jornalismo em 2010. É um trabalho que se situa entre o registro noticioso e a perspectiva histórica, à cata do sentido entre os acontecimentos e o legado.

Sempre haverá divergências a respeito, mas, à luz da história, a tendência é que prevaleçam as continuidades e a percepção de um mesmo processo, enquanto, no calor da disputa política, e sobretudo neste ano, devem ser destacadas as rupturas e diferenças entre Lula e Fernando Henrique Cardoso.
Nem ruptura nem continuidade, um dos aspectos importantes e ainda pouco esclarecido desse período talvez resida na inflexão do próprio Lula entre o primeiro e o segundo mandatos. A crise do mensalão é o que divide as duas fases.

Recorde-se o que foi Lula 1º. Um governo que tinha na política conservadora de Palocci a sua âncora e no mais tateava à procura de um enredo. O Fome Zero revelou ser um slogan vazio. Reformas não previstas na campanha, mas também nunca concluídas, vieram em socorro da carência de ideias: a tributária acabou duas vezes frustrada; a da Previdência, que chegou a ser aprovada, ficou suspensa no ar; e a trabalhista foi abandonada.

A expulsão dos radicais simbolizou a conversão do PT ao pragmatismo. Alguém se lembra de Babá, o ícone da resistência de esquerda?

Renascido das cinzas em 2006, Lula 2º substituiu o mensalão pelo PMDB, ao mesmo tempo em que se tornou menos dependente do Congresso. Escorado pela popularidade que o crescimento e os programas de transferência de renda lhe trouxeram, Lula criou seu próprio mito.

Na economia, o segundo mandato instalou a tensão entre a antiga ortodoxia e a ampliação do gasto público. Mais: Lula 2º vem patrocinando o avanço metódico do governo sobre espaços antes ocupados pelo setor privado. O que será desse capitalismo de Estado e qual o destino desse getulismo tardio misturado com bolsa família é algo que o processo eleitoral talvez ilumine.

URL: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz0801201003.htm

Nenhum comentário:

Postar um comentário