Outro público esquecido pela reportagem são os turistas que, uma vez que saem de seu hotel, estão em permanente trânsito pela cidade, sem "escola", "escritório" ou "casa de amigo" como possíveis paradas de emergência. Já sofri muito com isso nas minhas viagens, mesmo pela aparentemente sanitária Europa -- era salvo em geral pelos McDonald's.
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São Paulo, terça-feira, 17 de março de 2009
Guia de banheiros ajuda paulistano a driblar aperto
Com opções escassas, população depende da boa vontade de donos de bares e outros estabelecimentos; alguns cobram taxas
Publicação do Hospital das Clínicas avalia 150 sanitários públicos da cidade
MARIANA BARROS
MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Para ajudar os paulistanos a driblar esse e outros momentos de aperto, médicos do HC (Hospital das Clínicas) elaboraram o guia "Banheiros em São Paulo. Onde ir? Como fazer?", que avalia 150 banheiros de alguns dos mais movimentados pontos da cidade e dá dicas de locais a que se pode recorrer nos momentos de sufoco -5.000 exemplares estão sendo distribuídos no HC.
"Tem que ter banheiro. É um problema de saúde pública", diz Homero Bruschini, urologista do HC e um dos responsáveis pelo estudo. Segundo os médicos, 15% da população adulta tem dificuldade de reter a urina. O guia também pretende auxiliar quem sofre de incontinência ou problemas de próstata, além de portadores de deficiência e idosos. "Queremos motivar governantes a se preocuparem com o tema."
Com escassas opções de banheiros públicos, os paulistanos dependem da boa vontade de donos de bares e de outros estabelecimentos. Alguns deles cobram taxas para restringir o uso, enquanto a maioria discrimina quem pode utilizar as instalações, deixando os mais pobres, literalmente, no aperto.
"Sempre dizem que está quebrado", conta o gari José Geraldo, 62, que afirma já ter cansado de ouvir a mesma desculpa enquanto vê clientes usando o sanitário. O sorveteiro Francisco Souza, 43, vive o mesmo problema. "Há dias em que fico seis, oito horas sem ir."
A reportagem esteve em dois banheiros públicos, no vale do Anhangabaú e no terminal de ônibus Parque D. Pedro 2º. "Vai entrar aí?", grita a moradora de rua Gisele Bertoldo, 21, advertindo sobre a imundície do banheiro do Anhangabaú. Gisele conta que, devido à sua aparência, costuma ser barrada em banheiros particulares. Recorre aos da estação República do metrô e ao do terminal Bandeira de ônibus.
No Anhangabaú, o forte cheiro de urina faz arder o nariz e lacrimejar os olhos -que se espremem de aflição ao se deparar com o montante de fezes pelo chão. A dona de uma banca de jornal próxima mostra a base de metal corroída de urina. "Pago R$ 5 por dia para lavarem. Às 7h, quando chego, não respiro." Já o sanitário do parque D. Pedro 2º, mostrou-se razoável, com trocador para bebê, mas sem papel higiênico.
URL: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff1703200918.htm
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