(by Dresden Codak, via Alessandro Martins)
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
segunda-feira, 6 de dezembro de 2010
Uma imagem para ficar
Da época em que o pessoal torcia para, não contra, e que o mais importante era o “joga bonito”:
Uma imagem para ficar
Nada de malícia, tristeza ou comemoração na foto de John Varley
A foto que acompanha este artigo é um dos melhores retratos tirados num campo de futebol. A partida acabou, há um vencedor e um perdedor. Aliás, a imagem é um símbolo da Copa do Mundo, o prêmio máximo do futebol, passando de um homem a outro.
Mas você vê alegria e tristeza? Ou vê nesse abraço, no sorriso e nos olhos desses homens algo que vai além de um vencedor e um perdedor? A foto é de quarenta anos atrás, e há grandes chances de ela continuar viva pelos próximos quarenta.
Foi tirada durante a Copa de 70, no México, quando a Inglaterra, a campeã de 1966, perdeu o troféu. O Brasil venceu por 1 a 0 em Guadalajara e foi em frente até vencer o torneio, jogando com o que talvez fosse o melhor time de futebol da história.
Acima de tudo, a foto captou o respeito mútuo entre os atletas. Enquanto eles trocavam camisas, abraços e olhares, o espírito esportivo inundava a imagem.
Nada de malícia ou de comemoração velada da parte de Pelé.
Nada de tristeza ou derrotismo da parte de Bobby Moore.
Bobby Moore, para muitos o melhor zagueiro da história da Inglaterra, morreu de câncer em 1993. Essa foto era a favorita de sua carreira, ao longo da qual foi capitão da seleção por noventa vezes, incluindo o dia em que a Inglaterra ganhou a Copa.
Pelé, tricampeão do mundo e o jogador mais completo da história, ainda considera essa foto como um momento determinante de sua vida.
“Bobby Moore era meu amigo e o melhor zagueiro que enfrentei”, declarou ele quando o inglês morreu. “O mundo perdeu um de seus melhores jogadores e um cavalheiro muito honrado.”
E agora o mundo perdeu o terceiro homem para quem essa imagem tinha grande significado.
John Varley, o fotógrafo, morreu em sua cidade natal, Yorkshire, no norte da Inglaterra. Varley, que tinha 76 anos, era um fotojornalista com um olhar sensível para o que estava além do noticiário.
Seu jornal, o Daily Mirror de Londres, enviou-o a guerras e a desastres naturais. E ele exerceu bem sua função. Numa época em que não havia câmeras digitais ou foco automático, ele tinha o que outros fotógrafos descreveram como um instinto para estar onde as coisas podiam acontecer, e paciência para esperar o momento crucial.
O abraço entre Moore e Pelé foi um desses momentos. Olhe de novo para a foto. Volte em pensamento para 1970, quando os jogadores estrangeiros na liga inglesa – ou em qualquer outra – eram raros.
Na época, havia desconfiança em relação aos jogadores negros, algo ridículo quando se considera que Pelé era uma estrela mundial desde 1958. Isso se baseava na crença de que os não brancos careciam de vigor e de força física.
Essa foto ajudou a quebrar o preconceito. O encontro entre o inglês loiro de olhos azuis e o maior jogador da época, Pelé, ambos sem camisa, transcendia aquele absurdo.
Para tirar o retrato, Varley aproveitara uma folga de seu trabalho normal.
O contrato permitia férias a cada quatro anos, e Varley usou-as para assistir às Copas de 1966 até 1982.
Conheci-o nos últimos anos dessas empreitadas. Ele era um companheiro de viagem calado, tinha um senso de humor esquisito e, como muitos fotógrafos da época, era discreto.
Há quarenta anos, não era possível fazer fortuna como fotógrafo esportivo. O trabalho de Varley ganhou reconhecimento através da foto de um policial, com água até a cintura, salvando um bebê de uma enchente num vale inglês.
Ele tirou fotos memoráveis de crianças sofrendo durante a Guerra de Biafra –
a guerra civil da Nigéria – e também o retrato simbólico de uma igreja cercada de arame farpado no violento bairro de Ardoyne, em Belfast, durante o conflito na Irlanda do Norte.
E, voltando aos esportes, foi retratar os bastidores de uma luta de boxe e tirou um instantâneo angustiante do derrotado Richard Dunn, a cabeça no chão do chuveiro.
Ao saber da morte de Varley, telefonei para um fotógrafo americano, na Califórnia. “Eu tenho essa foto de Moore e Pelé”, ele disse. “Sempre gostei dela, mas nunca soube quem era o fotógrafo.”
Típico. O homem por trás da câmera é geralmente anônimo, mesmo entre seus próprios colegas. Mas o que seria dos cadernos de esportes dos jornais sem homens como John Varley?
(via Piauí)
sábado, 4 de dezembro de 2010
quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
WikiLeaks
Why even try to top Glenn Greenwald’s comments on the matter?
Excerpts:
"As usual, for authoritarian minds, those who expose secrets are far more hated than those in power who commit heinous acts using secrecy as their principal weapon."
"First we have the group demanding that Julian Assange be murdered without any charges, trial or due process. [...] These are usually the same people, of course, who brand themselves 'pro-life' and Crusaders for the Sanctity of Human Life and/or who deride Islamic extremists for their disregard for human life."
"Then, with some exceptions, we have the group which — so very revealingly — is the angriest and most offended about the WikiLeaks disclosures: the American media, Our Watchdogs over the Powerful and Crusaders for Transparency. [...] It's one thing for the Government to shield its conduct from public disclosure, but it's another thing entirely for the U.S. media to be active participants in that concealment effort."
"Then we have the Good Citizens who are furious that WikiLeaks has shown them what their Government is doing and, conversely, prevented the Government from keeping things from them. [...] [From Digby's Hullabaloo:] 'My personal feeling is that any allegedly democratic government that is so hubristic that it will lie blatantly to the entire world in order to invade a country it has long wanted to invade probably needs a self-correcting mechanism. There are times when it's necessary that the powerful be shown that there are checks on its behavior, particularly when the systems normally designed to do that are breaking down.'"
"The central goal of WikiLeaks is to prevent the world's most powerful factions — including the sprawling, imperial U.S. Government — from continuing to operate in the dark and without restraints. Most of the institutions which are supposed to perform that function — beginning with the U.S. Congress and the American media — not only fail to do so, but are active participants in maintaining the veil of secrecy. WikiLeaks, whatever its flaws, is one of the very few entities shining a vitally needed light on all of this. It's hardly surprising, then, that those factions — and their hordes of spokespeople, followers and enablers — see WikiLeaks as a force for evil. That's evidence of how much good they are doing."
(via Salon.com)
sexta-feira, 26 de novembro de 2010
Meio gayzinho
Palmada muda filho "gayzinho", declara deputado federal
DE SÃO PAULO - O deputado federal reeleito Jair Bolsonaro (PP-RJ) disse que pais precisam agredir um filho homossexual para mudar seu comportamento.
A "receita" foi dada no programa "Participação Popular", na TV Câmara, que discutiu a "Lei da Palmada" — projeto de lei que proíbe punição corporal às crianças.
"Se o filho começa a ficar assim, meio gayzinho, [ele] leva um couro e muda o comportamento dele", afirmou.
Bolsonaro faz parte da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara dos Deputados.
Ouvido pela Folha, ele manteve sua posição.
"Se o garoto anda com maconheiro, ele vai acabar cheirando, e se anda com gay, vai virar boiola com toda certeza", disse Bolsonaro.
URL: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2611201025.htm
domingo, 31 de outubro de 2010
quarta-feira, 27 de outubro de 2010
Dilma no limite
São Paulo, quarta-feira, 27 de outubro de 2010
Dilma no limite
SÃO PAULO - "Vocês podem ter certeza, eu estou preparada para ser a primeira mulher presidente do Brasil". Foram as últimas palavras pronunciadas por Dilma Rousseff no debate da TV Record, já no início da madrugada de ontem. Quando um evento como esse chega ao fim e, mais uma vez, ela parece ter sobrevivido, seus assessores só podem comemorar aliviados -ufa!
O fato é que Dilma não inspira certeza sobre nada. É aflitivo vê-la na TV. Não apenas pelo aspecto rombudo e robótico da sua figura. A aflição de Dilma está estampada no ritmo da sua fala, ao mesmo tempo lenta e acelerada, feita de arranques e soluços, de frases decoradas mas quase sempre truncadas.
Como o debate foi na emissora de Edir Macedo, falar em Deus pegava especialmente bem. E Dilma falou, mais de uma vez: "No que depender do meu governo se Deus quiser" -assim, sem pausas, sem vírgulas, sem ênfases, como alguém que se desincumbe de um fardo.
Dilma passa a impressão de estar no limite das suas capacidades, a um triz de um curto-circuito. Isso apesar da vantagem relativamente folgada que abriu sobre José Serra -56% a 44%, segundo o Datafolha.
Não se trata, certamente, de uma pessoa despreparada. Dilma tem substância. Mas não é, nunca foi, uma pessoa preparada para chegar à Presidência. É uma neófita. Nem de longe reúne os recursos pessoais para o exercício da função de seus antecessores -Lula ou FHC.
Sua candidatura representa a continuidade de um projeto, mas é também um capricho de Lula. Ninguém sabe como ela vai arbitrar conflitos, como irá gerir a máquina do Estado ou como se sairá enquanto líder política. A rigor, ninguém sabe qual a turma que ela pretende atrair para perto de si no poder.
A revelação de que Erenice Guerra fez da Casa Civil um centro de arte em família é um péssimo cartão de visitas para quem patrocinou a ascensão da ex-ministra. Sobretudo quando se trata de uma candidata também aclamada no escuro.
URL: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz2710201003.htm
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
Religião e política
I'm really and always have been in a way more interested in religion than politics.
São Paulo, quinta-feira, 14 de outubro de 2010
Liturgia de campanha
SÃO PAULO - Não deixa de ser um pequeno milagre: mesmo sem ter desempenhado papel determinante na votação presidencial, a religião ganhou momento e passou a definir a liturgia da campanha.
É conveniente para todos. Padres e pastores posam de grandes eleitores, Dilma abafa um pouco o caso Erenice e Serra pode continuar sonhando com o advento sobrenatural que subtrairá votos à petista.
Institucionalmente, porém, a transubstanciação da campanha em concurso de coroinhas é algo a lamentar. Não que religiosos não devam opinar. Na democracia, clérigos são livres para pregar o que bem desejarem e eleitores só devem satisfações do voto a suas consciências. Na verdade, seria impossível pedir às pessoas que não levem em conta seus valores (às vezes amparados em ensinamentos teológicos) na hora de fazer suas escolhas.
As dificuldades surgem quando a religião se torna a justificativa para posições inegociáveis. Ao pautar a política por uma lógica espiritual, que opera com conceitos como o de pecado, o discurso religioso introduz absolutos morais em questões que não podem ser tratadas de forma dogmática ou maniqueísta sem negar a própria política.
Enquanto uma lei positiva se justifica por sua racionalidade, comporta gradações e pode ser objeto de negociação, o pecado, por ter sido definido por uma autoridade incontestável, vem na forma de pacotes inegociáveis. A própria lei de aborto, de 1940, é um exemplo. Ela veda o procedimento, mas prevê exceções (risco de vida para a mãe e estupro) que não são admissíveis na lógica puramente religiosa.
Utilizar absolutos na política — religiosos ou ideológicos — é ruim porque eles a descaracterizam como instância de mediação de conflitos. O remédio contra isso, como já intuíram no século 18 os "philosophes" do Iluminismo francês e os "founding fathers" dos EUA, é a separação Estado-igreja. É essa linha que fica meio borrada com a introdução da fé na corrida eleitoral.
URL: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz1410201003.htm
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
Pouco republicano
São Paulo, quinta-feira, 9 de setembro de 2010
Em vez de tomar medidas contra o descalabro da Receita, presidente vai ao programa de sua candidata para atacar as vítimas
Ganhou fama na internet o vídeo em que o presidente Lula responde com maus modos a um rapaz pobre do Rio de Janeiro, que dizia gostar de jogar tênis. Tratava-se de "esporte da burguesia", declarou o presidente, entre alguns impropérios.
Talvez a seus olhos também pareçam simplesmente coisa "da burguesia" as reações ao episódio gravíssimo da quebra do sigilo fiscal de contribuintes, entre os quais pessoas ligadas ao candidato José Serra.
Não pertencia "à burguesia", entretanto, o caseiro Francenildo dos Santos Costa, que depois de dar declarações contrárias aos interesses do então ministro da Fazenda, Antonio Palocci, teve sua conta bancária devassada pelos chefões do poder petista.
Do garoto da favela a personagens do PSDB não há nada em comum exceto o fato de representarem algum potencial de atrito aos poderosos do momento. E estes põem em prática seu longo aprendizado de arrogância e de abuso, tão logo se julgam ao abrigo dos olhos do público.
Fazendo-se entretanto de vítima, como é seu costume, aliás, o presidente da República ocupou parte do horário eleitoral de sua candidata para atribuir ao "preconceito" as críticas que o escândalo da Receita merecidamente recebeu da oposição.
Embalada por uma música sentimental, a aparição de Lula no programa de terça-feira foi uma demonstração deprimente do modo com que o mandatário encara a democracia, o debate político e seu próprio papel institucional.
Conclamou os adversários a manifestarem "mais amor pelo Brasil", como se fosse dos petistas e de seus aliados o monopólio desse sentimento. Criticou "os que só querem destruir", como se tivesse esquecido os tempos em que exerceu oposição sistemática. Condenou a "baixaria", como se fosse elevado o propósito de investigar a declaração de renda da filha de um candidato à Presidência.
Lula nem sequer citou o caso, escapando de explicações acerca do descalabro das violações, sejam as de evidente caráter político, sejam aquelas cujas motivações ainda são menos claras.
Fosse para agir como presidente da República, Lula deveria desde já afastar os responsáveis pela desmoralização da Receita Federal. Preferiu agir segundo os padrões da "república de companheiros" que se estabelece no país, pedindo novamente votos para sua candidata.
Não havendo provas do envolvimento direto de Dilma Rousseff na armação engendrada na Receita Federal, foi por certo temerária e excessiva a atitude tucana de pedir a impugnação da candidatura petista na Justiça Eleitoral. Eleições não se ganham por meio desse expediente.
Mas uma democracia se vê ainda mais atingida quando o Estado se torna aparelho nas mãos de uma camarilha arrogante e impenitente, que o põe a serviço de seus interesses eleitorais, de seu desrespeito com os direitos dos cidadãos, de sua permanente vocação para a chantagem moral e para a intimidação política.
URL: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz0909201001.htm
quinta-feira, 2 de setembro de 2010
Capitalismo à brasileira
São Paulo, quarta-feira, 1 de setembro de 2010
Capitalismo à brasileira
BRASÍLIA -
Empresário sem ideologia há no planeta inteiro. Em períodos eleitorais, fica bem com todos no establishment. Nos EUA, em 2008, essa gente doou para o democrata Barack Obama e para o republicano John McCain.
Mas há limites em sociedades mais sofisticadas. Muitos escolhem ter um lado. Steve Jobs, da Apple, doou US$ 229 mil desde 1982 a políticos e a partidos. Desse total, destinou só US$ 1.000 a um candidato republicano ao Senado. Suas doações são quase exclusivamente para democratas. A Apple, como se sabe, atravessou muito bem os anos da dinastia Bush. Já Bill Gates, da Microsoft, pulveriza recursos meio a meio entre democratas e republicanos — compreensível.
No Brasil, é raro um grande empresário revelar em público sua intenção de doar só a Dilma Rousseff (PT) ou a José Serra (PSDB). Nesta semana, o maior homem de negócios do país, Eike Batista, declarou ter dado dinheiro à petista e ao tucano, de maneira indistinta. Por quê? "Em prol da democracia", respondeu. Em seguida, no programa "Roda Viva", da TV Cultura, deu mais clareza ao seu ato: "Não vão atrasar os meus projetos nos vários Estados por causa de política".
Democracia e negócios não devem ser nem são excludentes. Mas Eike Batista, banqueiros e empreiteiros fazem pouco "em prol da democracia". O dinheiro sai de seus bolsos por uma razão utilitária. O recurso não é oferecido a um candidato porque sua proposta na área da educação é considerada ótima.
Grandes empresários — com as exceções de praxe — costumam reclamar da má qualidade dos políticos. Poucos têm coragem de fazer críticas em público. Pusilânimes, doam a quase todos os candidatos com alguma chance de vitória. Perpetuam um ambiente no qual prosperam sempre. Um capitalismo à brasileira, sem risco. Mais um oximoro produzido pela forma invertebrada de se fazer política no Brasil.
URL: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz0109201004.htmsegunda-feira, 30 de agosto de 2010
Old is the new New
The fact is that people prefer living in mixed-up, unplanned cities. No more liveable and beautiful cities have ever been built than those of old Europe and the Middle East, where bakers and bankers, priests and actors, students and businessmen all rub shoulders. Rational design precluded the necessary randomness of the café, the pub and the street market: the whole walkable closeness of the old city.
quinta-feira, 26 de agosto de 2010
For the greater cause
My paramount object in this struggle is to save the Union, and is not either to save or to destroy slavery. If I could save the Union without freeing any slave I would do it, and if I could save it by freeing all the slaves I would do it; and if I could save it by freeing some and leaving others alone I would also do that. What I do about slavery, and the colored race, I do because I believe it helps to save the Union; and what I forbear, I forbear because I do not believe it would help to save the Union. I shall do less whenever I shall believe what I am doing hurts the cause, and I shall do more whenever I shall believe doing more will help the cause. I shall try to correct errors when shown to be errors; and I shall adopt new views so fast as they shall appear to be true views.
I have here stated my purpose according to my view of official duty; and I intend no modification of my oft-expressed personal wish that all men every where could be free.
Yours,
A. Lincoln
[letter to Horace Greeley, August 22, 1862]
terça-feira, 24 de agosto de 2010
Corrida ao fundo do poço
São Paulo, terça-feira, 24 de agosto de 2010
Expresso Tiririca
SÃO PAULO - Se a política é uma palhaçada, vote no palhaço. Resumida a seu cerne, é essa a mensagem em torno da qual Tiririca faz sua campanha para deputado federal pelo PR de São Paulo. O Congresso seria um circo, e o "abestado" pede seu espaço no picadeiro.
"O que é que faz um deputado federal?", pergunta o humorista. E responde: "Na realidade eu não sei, mas vota em mim que eu te conto". Seu bordão mais famoso diz: "Vote no Tiririca, pior do que tá não fica". Tornou-se um sucesso instantâneo.
Ao fazer da desmoralização da política uma bandeira, razão e causa da sua candidatura (disposta a "avacalhar o avacalhado"), Tiririca se põe, à primeira vista, como mais um herdeiro do "voto Cacareco".
Era, como se sabe, o nome do rinoceronte do zoológico paulistano que recebeu, em fins dos anos 1950, mais votos do que qualquer outro candidato a vereador, tornando-se um caso célebre de voto nulo e por isso sinônimo do voto de protesto.
Mas Tiririca não está no zoológico. Ele é um "puxador de votos", a estrela do programa do PR. Sua galhofaria se destina a eleger -aí sim- uma boa bancada de rinocerontes do PR, o antigo PL, partido do mensaleiro (e também candidato) Valdemar Costa Neto. Tiririca não é um palhaço, é um biombo. Atrás dele, vão os verdadeiros artistas do circo fisiológico que o lulismo (e agora Dilma) alimenta.
Se você reparar na campanha do idiota útil na TV, verá que a propaganda exibe o nome de Mercadante, candidato a governador de SP. Tiririca não é, pois, um "outsider", uma aberração avulsa do processo eleitoral, mas alguém estrategicamente patrocinado pelo bloco que detém hoje o poder hegemônico.
Escarnecendo da política para dela se beneficiar, Tiririca é menos uma ameaça individual do que a face caricata de um sistema político que se tornou imune aos escândalos em série que fabrica. Ele de certa forma realiza a profecia de Delúbio Soares, para quem o mensalão um dia iria virar "piada de salão".
URL: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz2408201003.htm
Unselfish and unwanted
quinta-feira, 19 de agosto de 2010
Levantar o véu
São Paulo, quinta-feira, 19 de agosto de 2010
Pai e mãe
Estratégia governista de tratar política como vida familiar não é republicana e ajuda a encobrir candidata que ninguém conhece
"O Brasil amadureceu. Não precisa ser uma sociedade infantilizada. Querem infantilizar os brasileiros com essa história de pai e mãe", disse a candidata Marina Silva no debate Folha/UOL, que reuniu ontem os três candidatos à Presidência mais bem colocados nas pesquisas eleitorais.
Um discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Pernambuco oferecera, na véspera, mais um exemplo daquilo que a postulante do PV, com acerto, criticava. "A palavra não é governar", anunciou, ao repisar o tema. "A palavra é cuidar. Eu quero ganhar as eleições para cuidar do meu povo como uma mãe cuida do seu filho."
Em ato falho, a frase condensa o presidente e a candidatura por ele inventada. Dilma Rousseff "c'est moi", admite afinal o petista. "Mãe" e "pai" dos brasileiros se fundem na mesma figura mistificadora. A declaração revela mais do que o entendimento de Lula sobre o processo sucessório. A apresentação da política em termos característicos das relações privadas e familiares termina por desvirtuá-la, ao negar o caráter igualitário da esfera pública.
O princípio de igualdade entre os cidadãos deve valer também para seus dirigentes, escolhidos pelo voto. Não pode haver relação hierárquica, do ponto de vista político, entre o mandatário de turno e o conjunto de eleitores. Compete a todos obedecer apenas às leis.
A figura paterna, ao contrário, pressupõe uma relação de superioridade com os filhos. Os laços cordiais, de afeto e de "cuidado" contidos na imagem proposta por Lula mal disfarçam a herança patrimonial e autoritária da política brasileira. A metáfora ecoa a tutela populista exercida sobre as massas recém chegadas à cidade em meados do século passado. Contradiz os princípios impessoais republicanos. Faz pouco do cidadão —que não precisa de atenções paternais ou maternais, mas de respeito a seus direitos.
O discurso retrógrado e conservador serve muito bem às circunstâncias fabricadas por Lula. Induz a uma avaliação da candidatura de Dilma por critérios outros que não os da vida pública.
Nesse terreno a postulante governista é um enigma. É provável, como querem os petistas, que não lhe falte competência gerencial. Não se sabe, no entanto, como se comportará na eventualidade de ser eleita para ocupar o mais alto posto da República.
Mesmo Jânio Quadros e Fernando Collor, que chegaram ao poder máximo de forma fulminante, haviam sido antes prefeitos, governadores e parlamentares. A ex-ministra da Casa Civil jamais disputou eleição, não exerceu nenhum mandato, nunca foi submetida ao escrutínio público. Até Lula admite tê-la conhecido há apenas oito anos. Em caso de vitória, excetuados os presidentes da ditadura militar, ninguém como ela terá chegado ao ápice sendo tão pouco conhecido e testado.
São fragilidades como essa —alarmante, quando estamos na iminência de uma campanha sumária de estilo consagratório— que a xaropada sentimental dos publicitários procura ocultar. Cumpre à imprensa independente, às associações da sociedade civil que procuram influenciar o processo eleitoral e a cada cidadão levantar o véu da fantasia.
URL: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz1908201001.htm
quarta-feira, 18 de agosto de 2010
A despolitização da política
Adeus à política
Pela sexta vez consecutiva, fato único na nossa história, teremos a escolha do presidente da República através de eleições plenamente democráticas. Não é pouco, principalmente em um país com a nossa tradição autoritária.
Se na eleição de 1989, os candidatos politizavam qualquer proposição, por mais simples que fosse, agora a despolitização é uma marca da campanha. Depois de cinco eleições, o processo eleitoral ficou mais pobre em debates e ideias.
É possível que, em parte, este panorama justifique-se pela predominância do marketing político e da americanização das eleições. As pesquisas qualitativas são mais importantes, para os candidatos, do que a política stricto sensu.
O enfrentamento ideológico foi substituído pelas propostas de gerir uma casa, como se o espaço doméstico fosse a reprodução em miniatura do país. O linguajado familiar invadiu a política. Pai, mãe e filhos substituíram os temas clássicos, o que é um claro sinal de pauperização do debate político.
O PT é um bom exemplo. Desapareceu —e tudo indica para nunca mais voltar— o discurso classista ou ao menos de embate com os poderosos. Foi substituído por elementos pré-varguistas.
O vocabulário da casa grande, autoritário e coercitivo, tomou conta dos seus dirigentes. E, claro, Lula foi o iniciador e maior defensor da despolitização. Como nunca suportou participar de uma discussão de princípios políticos, encontrou na fala despolitizada um campo fértil. Exemplificou dilemas do país com exemplos domésticos, comezinhos.
Quanto mais complexa uma questão, maior a banalização. Daí foi só um passo para fortalecer a ideia de que o povo precisa de um pai, de uma mãe: "Deixo em tuas mãos o meu povo", como diz o jingle.
A despolitização tem o papel de eliminar as fronteiras ideológicas. Dilui as divergências, homogeneíza e transforma o processo eleitoral em uma espécie de geleia geral. Tudo parece igual. Por isso, Roseana Sarney pode vestir a camiseta do PT e o irmão uma do PV, sem que nenhum dos dois deixe de defender o interesse familiar, que apresa o Estado mais pobre do Brasil.
A oposição não conseguiu —e teve várias oportunidades— para construir um discurso político, alçando o debate a outro patamar. Contudo, optou pelo conformismo. No fundo, admirou a despolitização. Tudo parecia tão simples. Neste trágico percurso, Lula, entusiasmado, quis levar o "método" para o mundo. Foi um desastre, como no Oriente Médio. O lulismo, como forma de fazer política, só dá no Brasil, como a jabuticaba.
MARCO ANTONIO VILLA é professor do Departamento de Ciências Sociais da UFSCar
URL: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/po1808201021.htm
sexta-feira, 13 de agosto de 2010
Kanellos, o cão trotskista
Nas fotografias, o vira-lata dava mesmo a impressão de estar em todas. Havia flagrantes de Kanellos latindo de focinho aberto para pelotões de soldados encolhidos atrás de escudos, máscaras contra gases e capacetes. Cenas em que ele encara uma nuvem de gás lacrimogêneo, como se não passasse de gelo-seco em arena de circo. Ou desfila olimpicamente diante de um canhão de água pressurizada, desses que dispersam multidões. E atravessa, como indômito guerreiro, as fogueiras e os destroços das barricadas estudantis, rompe a dentadas cordões de isolamento, corre atrás das motocicletas de policiais ou beberica, no calçamento de Sintagma, a praça do Parlamento e dos tradicionais quebra-quebras, o leite derramado num protesto por fazendeiros. Sempre ao lado do povo e contra o tacão das autoridades.
Segundo o Guardian, Kanellos não dá trégua ao governo grego há pelo menos dois anos. Sem dúvida isso lhe garantiu um lugar no panteão dos heróis mitológicos, já que o animal, em si, morreu em 2008, de velhice, derrotado pela artrite, depois que seus aliados políticos na universidade fizeram uma subscrição para lhe doar uma cadeira de rodas feita sob medida para cachorros com necessidades especiais. Foi enterrado "com honras de inimigo de Estado", na feliz expressão dos estudantes presentes ao funeral. E virou tema de uma canção, cuja letra, em grego, não deixa dúvidas de que se trata de "uma música para um cão chamado Kanellos".
Pois então, quem seria o impostor das fotos recentes? Tratar-se-ia de um certo Loukanikos - ou Louk, para os correspondentes estrangeiros. Ao que tudo indica, ele é o novo herdeiro de uma dinastia que, a rigor, não começa com Kanellos. Antes dele houve Skaby, a quem o poeta Yannis Ritsos dedicou versos, prometendo revê-lo "em marchas e protestos". E ninguém se esquece de Papitsa, a cadela negra que os correspondentes internacionais tornaram famosa ao flagrarem-na numa greve de portuários contra armadores chineses carregando na boca um estandarte com as palavras Esmague o Capitalismo!
E o pior é que sobre o pedigree revolucionário de Loukanikos pairam algumas dúvidas. Os atenienses não sabem se ele é um cachorro só, ou muitos - uma verdadeira matilha de sósias do primeiro e único Kanellos, se é que houve mesmo um primeiro e único Kanellos. O nome de batismo se refere à pelagem cor de canela, quase um uniforme do vira-lata grego. A coleira azul no pescoço - que Kanellos e todos os seus sósias parecem trazer ao pescoço - também não serve para identificar o cão, a menos que seja lida bem de perto, coisa que um repórter dificilmente se arriscará a fazer no meio de um corre-corre. Quem tiver a pachorra, ou a coragem, de apurar o que está lá escrito, verá que se trata apenas da informação de que o cão é um macho vacinado, castrado e devolvido à rua pelo poder público. A medida faz parte de um programa de controle populacional adotado às vésperas dos Jogos Olímpicos de 2004, quando o comitê julgou que não ficava bem uma cidade prestes a receber o mundo ter tantos cachorros perambulando à larga. Decidiram reprimir a cachorrada. Vai ver que vem daí a adesão dos vira-latas à revolução permanente.
terça-feira, 10 de agosto de 2010
Shopping São Paulo
São Paulo, terça-feira, 10 de agosto de 2010
Cidade da mercadoria
SÃO PAULO - Duas lojas do Santana Parque Shopping foram assaltadas no sábado à noite. Foi o oitavo assalto a shoppings na cidade de São Paulo neste ano. Virou moda.
Ainda que triviais, assaltos sempre são chocantes. Mas o que choca e dá tanto destaque a estes assaltos, em particular, é o fato de terem sido realizados dentro de shoppings. Justamente naquele espaço "protegido", onde as pessoas imaginam estar incólumes, salvas das hostilidades do mundo externo, da violência e dos "intrusos" (como são vistos nesses lugares os pobres).
Escrevendo sobre o fenômeno (mundial, mas muito paulistano), o psicanalista Tales Ab'Saber observou o seguinte: "Sempre que entramos num shopping, sentimos o alívio de estar finalmente em um espaço homogêneo de imagens e direitos. (...) Depois de 40 minutos, estamos exaustos, tamanha a monotonia e pobreza de experiência deste feirão que se quer cidade. Tudo é parecido demais com o ciclo bipolar de uma droga".
Existem em São Paulo 50 shoppings (e outros tantos em construção). Dos "ultrachiques" aos "populares", eles reproduzem a estratificação social dos consumidores -incluem e excluem ao mesmo tempo. Mas, nas suas disparidades, acabam sendo todos muito iguais.
Apartado do espaço público, o shopping é um simulacro de cidade. Mais que um centro de compras, se tornou um complexo de lazer e "vivência", onde há lojas, claro, mas também cafés, praças de alimentação e serviços tão variados como lava-rápido, costureira, podólogo, loteria, academia de ginástica, pet shop, oculista, lotérica, além de cinemas e teatros.
Ainda ontem, por coincidência, o Shopping Cidade Jardim —templo do luxo extremado e alvo de assaltos recentes— fez o coquetel de inauguração do "Espaço do Bem", onde entidades sociais irão vender seus produtos. O nome é tão bom que deveria figurar em qualquer manual de psicanálise, no capítulo dedicado aos "sintomas".
URL: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz1008201003.htm
Mankind perpetuation plan
Mankind must abandon earth or face extinction: Hawking
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Stephen Hawking says mankind must leave earth to avoid extinction. |
| "Avoid contact with aliens at all costs," says Hawking. Above, what an alien would look like. |
(AFP) LONDON — Mankind's only chance of long-term survival lies in colonising space, as humans drain Earth of resources and face a terrifying array of new threats, warned British scientist Stephen Hawking on Monday.
"The human race shouldn't have all its eggs in one basket, or on one planet," the renowned astrophysicist told the website Big Think, a forum which airs ideas on many subjects from experts.
"Our only chance of long-term survival is not to remain inward looking on planet Earth, but to spread out into space," he added.
He warned that the human race was likely to face an increased number of events that threaten its very existence, as the Cuban missile crisis did in 1962.
The Cold War showdown saw the United States and Soviet Union in a confrontation over Soviet missiles deployed in Cuba, near US shores, and brought the world to the brink of nuclear war.
"We are entering an increasingly dangerous period of our history," said Hawking.
"Our population and our use of the finite resources of planet Earth are growing exponentially, along with our technical ability to change the environment for good or ill."
If we want to survive beyond the next century, "our future is in space," added the scientist.
"That is why I'm in favour of manned, or should I say 'personed', space flight."
His comments came after he warned in a recent television series that mankind should avoid contact with aliens at all costs, as the consequences could be devastating.
Copyright © 2010 AFP. All rights reserved.
(Source)
quinta-feira, 5 de agosto de 2010
segunda-feira, 2 de agosto de 2010
Lição de jornalismo
São Paulo, segunda-feira, 2 de agosto de 2010
Lição de jornalismo
SÃO PAULO - Um dos bons capítulos da imprensa brasileira dos últimos anos foi escrito pelos perfis publicados na revista "piauí". "Vultos da República", lançado agora pela Companhia das Letras, reúne nove deles, dedicados a personagens do mundo político. Estão lá os presidenciáveis: Dilma Rousseff, em dois textos de Luiz Maklouf Carvalho; José Serra ("Na hora da decisão") e Marina Silva ("A verde"), retratados por Daniela Pinheiro.
"O consultor" José Dirceu, o ex-ministro Marcio Thomas Bastos e Sérgio Rosa, ex-presidente da Previ, são figuras de destaque, das luzes e das sombras, verdadeiros vultos da era Lula. O perfil de Francenildo dos Santos Costa, "o caseiro" cujo sigilo bancário foi violado pelo governo, é especial. Todo "companheiro" petista deveria lê-lo na cama, antes de dormir.
Mas o grande momento do livro é o texto de abertura, "O andarilho", perfil de FHC assinado por João Moreira Salles, uma obra-prima do jornalismo. No posfácio, Humberto Werneck destaca, com razão, que o autor procede como havia feito em "Entreatos", documentário sobre a campanha de Lula em 2002: gruda no personagem e o acompanha, buscando interferir o mínimo possível naquilo que ouve e vê (apesar da consciência de que sua presença faz parte da cena e a altera).
FHC concedeu intimidades ao interlocutor, um Moreira Salles, provavelmente sem esperar que ele ali fosse antes um João jornalista. O resultado, muito humano, fisga o âmago do personagem.
"O objeto fala, o narrador pode se calar", escreveu o próprio Moreira Salles no posfácio à edição brasileira do livro de perfis do editor da "New Yorker", David Remnick. Ali, ele aponta que a revista criou e cultiva uma espécie de "retórica das coisas, de acordo com a qual o personagem se revela não só pelo que diz, mas também pelo que o cerca". O que não deixa de ecoar a convicção de Flaubert: "Para que uma coisa seja interessante, basta olhá-la durante muito tempo".
URL: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz0208201003.htm
domingo, 1 de agosto de 2010
quarta-feira, 14 de julho de 2010
ECA, 20 anos
São Paulo, quarta-feira, 14 de julho de 2010
Em seus 20 anos de existência, completados ontem, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) contribuiu para importantes avanços sociais do país.
Ao reunir com clareza o conjunto de direitos dos jovens, o código forneceu instrumentos ao Ministério Público e à Justiça para tornar mais eficiente o combate ao trabalho infantil e garantir oferta de vagas em escolas públicas. Entre outros aspectos relevantes, o ECA também se mostrou útil para formar consensos e nortear políticas governamentais.
O estatuto ainda não foi integralmente implementado e tem encontrado entraves à aplicação de seus princípios em algumas áreas, sobretudo no tratamento dos adolescentes infratores.
Em que pese a impressão de que a legislação é leniente nesses casos e dificulta a aplicação de punições, uma pesquisa da Universidade Federal da Bahia em diversos Tribunais de Justiça no país concluiu que o tratamento dispensado ao adolescente infrator é mais severo do que aquele aplicado aos criminosos adultos.
Juízes se inclinaram pela pena mais pesada, de internação, em 86% dos casos analisados. Também são constatadas falhas na garantia dos direitos dos jovens nos processos, como audiências apressadas e sem testemunhas de defesa -ou insuficiência de provas para a condenação.
Cogitam-se mudanças no texto com o intuito de melhor detalhar as responsabilidades do poder público na execução das medidas socioeducativas.
Nenhuma alteração, contudo, será suficiente se não forem criadas condições para aplicar as sanções alternativas, como a liberdade assistida, com acompanhamento de especialistas.
São raros os municípios que contam com equipes preparadas e meios para implementar esses procedimentos. Essa deveria ser uma das prioridades do Estado ao lidar com crianças e adolescentes. Se juízes parecem atuar com excessivo rigor, inclinando-se pela internação, o fazem para responder a pressões da sociedade, que se sente vítima da insegurança, e por falta de condições para aplicar medidas mais adequadas.
URL: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz1407201002.htm
segunda-feira, 5 de julho de 2010
Brasil vs. brasileiros
Instância Superior : Sec. Segurança Pública |
Órgão : DETRAN - Departamento Estadual de Trânsito |
Descrição : No caso de alteração de dados ver os serviços de: CNH, alteração de dados. a) Renovação antecipada: o serviço pode ser solicitado com ATÉ 30 dias corridos de antecedência ao vencimento da CNH. b) Prazo de tolerância para dirigir com CNH vencida: 30 dias corridos ATENÇÃO!! PRAZO (de acordo com o horário de solicitação do serviço, o documento será entregue no dia útil seguinte): Poupatempo Bauru: em até 4 horas Poupatempo Campinas Centro: em até 6 horas Poupatempo Campinas Shopping: em até 6 horas Poupatempo Guarulhos: em até 6 horas Poupatempo Itaquera: em até 4 horas Poupatempo Jundiaí: em até 6 horas Poupatempo Osasco: em até 6 horas Poupatempo Piracicaba: em até 4 horas Poupatempo Ribeirão Preto: em até 6 horas Poupatempo Santo Amaro: em até 4 horas Poupatempo Santos: em até 4 horas Poupatempo São Bernardo do Campo: em até 8 horas Poupatempo São José do Rio Preto: em até 4 horas Poupatempo São José dos Campos: em até 4 horas Poupatempo Sé: em até 4 horas Poupatempo Taubaté: em até 4 horas Cidadãos estrangeiros: em até 30 dias úteis ATENÇÃO: Serviço sujeito a término de senha. RETIRADA: a) Pelo próprio habilitado: apresentar o protocolo (CNH carimbada) b) Por terceiro (maior de 18 anos): apresentar protocolo (CNH carimbada) e seu documento de identidade oficial. - ENTREGA OPCIONAL PELOS CORREIOS VIA SEDEX: - apenas para o Estado de São Paulo; - em 5 dias úteis (sem contar sábados, domingos e feriados) a partir da confecção do documento; - disponível nos Poupatempos Bauru, Campinas Centro, Campinas Shopping, Guarulhos, Itaquera, Osasco, Ribeirão Preto, Santo Amaro, Santos, São Bernardo do Campo, São José dos Campos e Sé. OBSERVAÇÕES: 1) Se houver erro resultante da execução do serviço na nova CNH, a correção deve ser solicitada no próprio Posto em até 10 dias corridos a partir da data de emissão da mesma, após esse prazo a correção será feita mediante o pagamento de nova taxa de emissão. 2) Cursos que substituem o Curso de Atualização: a) Curso de Capacitação, Formação, Aperfeiçoamento (curso complementar ou equivalente) ou Reciclagem, realizado ou atualizado a partir de 24/01/1998 de: - Policiais Civis (Estadual ou Federal) - Policiais Militares - Integrantes das Forças Armadas - Guardas Municipais - Agentes de Trânsito b) Curso de Capacitação para Médico ou Psicólogo - Perito Examinador de Trânsito, realizado ou atualizado a partir de 24/01/1998 c) Curso de Condução de Veículo de Emergência, realizado ou atualizado a partir de 24/01/1998 d) Curso de Reciclagem de Condutores Infratores, realizado a partir de 24/01/1998 e) Curso de Transporte Coletivo de Passageiros, realizado ou atualizado a partir de 24/01/1998 f) Curso de Transporte de Produtos Perigosos (MOPP), desde que conste a matéria Primeiros Socorros. g) Curso de Transporte Escolar, realizado ou atualizado a partir de 24/01/1998 h) Curso para Renovação da CNH realizado antes de setembro/2005 3) MUNICÍPIOS QUE NÃO POSSUEM CIRETRAN E RESPECTIVA CIRETRAN DE ATENDIMENTO (ver pré-requisito 3) ADOLFO (CNH registrada na Ciretran de Nova Aliança) ÁGUAS DA PRATA (CNH registrada na Ciretran de São João da Boa Vista) ÁGUAS DE SANTA BÁRBARA (CNH registrada na Ciretran de Cerqueira César) ÁGUAS DE SÃO PEDRO (CNH registrada na Ciretran de São Pedro) ALAMBARI (CNH registrada na Ciretran de Itapetininga) ALFREDO MARCONDES (CNH registrada na Ciretran de Presidente Prudente) ALTAIR (CNH registrada na Ciretran de Olímpia) ALTO ALEGRE (CNH registrada na Ciretran de Penápolis) ALUMÍNIO (CNH registrada na Ciretran de Mairinque) ALVARES FLORENSE (CNH registrada na Ciretran de Votuporanga) ALVARES MACHADO (CNH registrada na Ciretran de Presidente Prudente) ÁLVARO DE CARVALHO (CNH registrada na Ciretran de Garça) ALVINLÂNDIA (CNH registrada na Ciretran de Garça) AMÉRICO DE CAMPOS (CNH registrada na Ciretran de Tanabi) ANALÂNDIA (CNH registrada na Ciretran de Itirapina) ANHEMBI (CNH registrada na Ciretran de Conchas) ANHUMAS (CNH registrada na Ciretran de Regente Feijó) APARECIDA D'OESTE (CNH registrada na Ciretran de Palmeida D'Oeste) ARAÇARIGUAMA (CNH registrada na Ciretran de São Roque) ARAMINA (CNH registrada na Ciretran de Igarapava) ARANDÚ (CNH registrada na Ciretran de Avaré) ARAPEÍ (CNH registrada na Ciretran de Bananal) ARCO-ÍRIS (CNH registrada na Ciretran de Tupã) AREALVA (CNH registrada na Ciretran de Iacanga) AREIAS (CNH registrada na Ciretran de Cruzeiro) AREIÓPOLIS (CNH registrada na Ciretran de São Manuel) ASPÁSIA (CNH registrada na Ciretran de Urânia) AVAÍ (CNH registrada na Ciretran de Bauru) AVANHANDAVA (CNH registrada na Ciretran de Penápolis) BALBINOS (CNH registrada na Ciretran de Pirajuí) BÁLSAMO (CNH 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de Cruzeiro) SUZANAPOLIS (CNH registrada na Ciretran de Pereira Barreto) TACIBA (CNH registrada na Ciretran de Regente Feijó) TAGUAÍ (CNH registrada na Ciretran de Fartura) TAIAÇU (CNH registrada na Ciretran de Bebedouro) TAIUVA (CNH registrada na Ciretran de Bebedouro) TAPIRAÍ (CNH registrada na Ciretran de Piedade) TAQUARAL (CNH registrada na Ciretran de Jaboticabal) TAQUARIVAÍ (CNH registrada na Ciretran de Itapeva) TARABAÍ (CNH registrada na Ciretran de Pirapozinho) TARUMÃ (CNH registrada na Ciretran Assis) TEJUPÃ (CNH registrada na Ciretran de Piraju) TERRA ROXA (CNH registrada na Ciretran de Viradouro) TIMBURÍ (CNH registrada na Ciretran de Santa Cruz do Rio Pardo ) TORRE DE PEDRA (CNH registrada na Ciretran de Bofete) TRABIJU (CNH registrada na Ciretran de Boa Esperança do Sul) TRÊS FRONTEIRAS (CNH registrada na Ciretran de Santa Fé do Sul) TUIUTI (CNH registrada na Ciretran de Bragança Paulista) TURIUBA (CNH registrada na Ciretran de Buritama) TURMALINA (CNH registrada na Ciretran de Ouroeste) UBARANA (CNH registrada na Ciretran de José Bonifácio ) UBIRAJARA (CNH registrada na Ciretran de Duartina) UNIÃO PAULISTA (CNH registrada na Ciretran de Macaubal) URU (CNH registrada na Ciretran de Cafelândia) VALENTIM GENTIL (CNH registrada na Ciretran de Votuporanga) VARGEM (CNH registrada na Ciretran de Bragança Paulista) VARGEM GRANDE PAULISTA (CNH registrada na Ciretran de Cotia) VISTA ALEGRE DO ALTO (CNH registrada na Ciretran de Pirangi) VITÓRIA BRASIL (CNH registrada na Ciretran de Jales) ZACARIAS (CNH registrada na Ciretran de Buritama) |
Taxa : R$ 81,28 (total) - Exame médico: R$ 54,19 (realizado e pago no Poupatempo ou em clínicas credenciadas, conforme PRÉ-REQUISITO 5) - Emissão: R$ 27,09 (no Poupatempo) - CUSTO do Sedex: R$ 11,00. |
Forma de Pagamento : Paga no Posto Poupatempo em: - Dinheiro - Cartão de débito do Banco do Brasil |
Pré-Requisitos : 01 - Ser o habilitado a) Poupatempo Bauru, Campinas Centro, Campinas Shopping, Guarulhos, Itaquera, Jundiaí, Osasco, Ribeirão Preto, Piracicaba, Santo Amaro, Santos, São Bernardo do Campo, São José do Rio Preto e Taubaté: apenas o habilitado pode solicitar o serviço, sem exceções; b) Demais postos Poupatempo: se o exame médico estiver realizado e a taxa estiver paga, um procurador ou parente próximo (cônjuge, pais, filhos e irmãos), portando a Planilha Renach (com foto e assinada) e os demais documentos relacionados no campo Documentos, pode solicitar o serviço; o procurador ou parente próximo deve ter no mínimo 18 anos. 02 - A Carteira Nacional de Habilitação (CNH) deve estar registrada em município do Estado de São Paulo. 03 - O habilitado deve residir no município de registro da Carteira Nacional de Habilitação (CNH). EXCEÇÃO: municípios que não possuem Ciretran informados no campo Descrição. 04 - Não exercer atividades de transporte remunerado de cargas ou pessoas EXEMPLOS: moto-boy, moto-frete, taxistas, motoristas particulares, condutores de veículos de transporte coletivo remunerado (ônibus, vans e peruas), transportadores escolares, transportadores de carga (inclusive produtos perigosos). 05 - Ter sido considerado apto no exame médico a) Poupatempo Piracicaba e Taubaté: realizado SOMENTE em clínicas credenciadas pelo Detran, situadas no município de registro da Carteira Nacional de Habilitação (CNH); b) Demais postos Poupatempo: realizado no próprio Posto OU em clínicas credenciadas pelo Detran, situadas no município de registro da Carteira Nacional de Habilitação (CNH); c) caso o exame tenha sido realizado em clínica credenciada, aguardar 24h para solicitar o serviço no Poupatempo. 06 - O habilitado não pode possuir restrições junto ao Detran EXEMPLOS: portaria punitiva de pontuação, bloqueio do INSS, bloqueio judicial. 07 - Habilitados com data da primeira habilitação anterior a 22/11/99 (verificar a data na CNH) deverão realizar o Curso de Atualização para Renovação da Carteira Nacional de Habilitação (Curso Teórico de Direção Defensiva e Primeiros Socorros) O curso deverá ser realizado no local de registro da CNH (exceto para os casos em que não haja Centros de Formação de Condutores no município de residência do condutor). Cursos substitutivos: ver observação 2 da descrição. 08 - Dirigir-se ao Posto somente após o registro do resultado da prova do Curso de Atualização para Renovação da CNH no Sistema informatizado do DETRAN. a) Prova realizada gratuitamente no DETRAN/sede: resultado após 2 dias úteis da realização da prova; b) Prova realizada em Centros de Formação de Condutores (CFC) e gratuitamente nas CIRETRANs: informar-se sobre o registro do resultado no local da prova. 09 - Para o portador de DEFICIÊNCIA FÍSICA, no campo "observações" da CNH deverá constar uma RESTRIÇÃO MÉDICA OU a informação "APTO APESAR DO DEFEITO FÍSICO" Caso não conste - DEVERÁ SUBMETER-SE A EXAME EM BANCA ESPECIAL: a) CNH registrada na Capital: procurar clínicas autorizadas; b) CNH registrada nos demais municípios: procurar a CIRETRAN |
Documentos : 01 - RG a) SOMENTE para cidadãos brasileiros; b) original E cópia simples do habilitado E original do solicitante (procurador ou parente próximo); c) não pode conter abertura, replastificação, fotografia antiga e/ou danificada e outras deteriorações que dificultem a identificação do cidadão ou impeçam avaliação da autenticidade. Nesses casos, apresentar junto: Certificado de Dispensa de Corporação OU Certificado de Reservista OU Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) originais e em bom estado; d) Pode ainda ser substituído por: documentos de identidade de militares emitidos pelo Ministério da Defesa (Exército, Marinha e Aeronáutica) OU documentos emitidos pelas Polícias do Estado de São Paulo OU documentos de identidade de Conselhos ou Ordens Classe (OAB, CRM, CREA) OU Carteira Nacional de Habilitação (CNH) modelo com fotografia OU Passaporte na validade; e) a cópia ficará retida. 02 - Carteira Nacional de Habilitação (CNH) - original 03 - Foto 3x4 a) SOMENTE para os Poupatempos de São José dos Campos e Sé; b) 01 (UMA) original, de frente, recente, sem data, colorida, com fundo branco ou claro e em papel de boa qualidade; c) O habilitado não deve estar usando acessório que cubra parte do rosto ou da cabeça; d) A imagem não pode conter manchas, deformações ou correções. 04 - CPF - original e cópia simples a) Do habilitado; b) a cópia ficará retida; c) se não for apresentado, será pesquisado no site da Receita e se a resposta for "Pendente de Regularização" ou "Cancelado" será obrigatória a regularização 05 - Comprovante de parentesco - original ou cópia simples (frente e verso) a) Quando solicitado pelos PAIS: apresentar certidão de nascimento do filho ou documento de identidade oficial do filho onde conste a filiação (RG, OU documentos de identidade oficiais emitidos pelo Ministério da Defesa (Exército, Marinha, Aeronáutica) OU documentos de identidade de Conselhos ou Ordens de Classe (exemplos: OAB, CRM, CREA) OU Carteira Nacional de Habilitação (CNH) modelo com fotografia; b) Quando solicitado por FILHOS: apresentar documento de identidade oficial onde conste a filiação; c) Quando solicitado pelos IRMÃOS: apresentar documentos do condutor onde conste a mesma filiação (pai e/ou mãe); d) Quando solicitado por CÔNJUGE: apresentar a Certidão de Casamento registrada no Registro Civil de Pessoas Naturais ou Termo de União Estável; d) Em qualquer dos casos quando não puder ser comprovado com documentação: apresentar Procuração - (Ver item 06). 06 - Procuração - original a) Quando solicitado por procurador; b) Por instrumento particular contendo: qualificação do habilitado e do procurador, com finalidade específica e firma reconhecida em Cartório; c) Validade: 90 dias; d) Ficará retida. 07 - Comprovante de residência - original E cópia simples OU cópia autenticada a) EM NOME DO HABILITADO; b) Contendo nome completo e endereço completo (inclusive CEP, cidade e bairro); c) O Comprovante deve estar datado nos três meses anteriores à solicitação do serviço; d) São aceitas contas de: água e esgoto, luz, gás, telefone (fixo e móvel), televisão por assinatura, provedores de Internet, correspondência de instituição bancária, financeira ou de cartão de crédito; e) A CÓPIA do comprovante ficará RETIDA; f) É aceito comprovante EM NOME DE PARENTE PRÓXIMO (cônjuge, pais, filhos, irmãos, avós, netos, tios, sogros, genro e nora), desde que seja comprovado o parentesco por meio de apresentação de documentos originais dos envolvidos; g) É também aceito comprovante EM NOME DE TERCEIRO não parente, desde que acompanhado de Declarações originais das pessoas envolvidas (ver documento 11). 08 - Credencial - original e cópia simples a) Expedida pelo Detran Sede-SP e dentro do prazo de validade, comprovando a realização de curso que substitui o curso de Atualização para Renovação da Carteira Nacional de Habilitação; b) Pode ser substituída por original e cópia simples do Certificado do curso (Ver relação de cursos no campo "Descrição"). 09 - Certificado de Curso de Renovação - original e cópia simples Apenas para habilitados com CNH registrada em município onde, por sentença judicial, foi obrigada a realização de curso para renovação de Carteiras antes de setembro/2005. 10 - Ofício - original a) Para Policiais Civis (estaduais ou federais) e Militares, Integrantes das Forças Armadas, Guardas Municipais e Agentes de Trânsito; b)Informando a realização de curso de formação ou capacitação ou aperfeiçoamento (curso complementar ou equivalente) ou curso de reciclagem; c) Deve estar em papel timbrado, datado, assinado e conter a data de realização do curso, que tem que ser posterior a 24/01/1998; d) O ofício dos Policiais Militares e integrantes das Forças Armadas deve ser fornecido pelos respectivos Comandos; no caso de Policiais Civis e federais, pela Academia de Polícia; e) O Ofício ficará retido; f) No caso de policiais militares, pode ser substituído por original e cópia simples do Certificado de realização do Curso expedido pela Corporação ou Certificado expedido pelo Centro de Formação de Condutores da Polícia Militar. 11 - Declaração - 2 originais a) Caso não possua Comprovante de Residência em nome do habilitado ou de parente próximo; b) UMA Declaração do TITULAR do comprovante de residência apresentado, informando que o habilitado reside no local indicado no comprovante; c) UMA Declaração do HABILITADO, informando residir no local indicado no comprovante; d) As declarações ficarão retidas. 12 - Registro Nacional de Estrangeiro (RNE) - original e 2 cópias simples a) SOMENTE para cidadãos estrangeiros; b) as cópias ficarão retidas. |
Formulários : 01 - Planilha RENACH - 1 via. a) Fornecida e preenchida no Poupatempo ou em clínicas credenciadas (no caso do exame médico ser realizado fora do Poupatempo). |