Quem lê minha resposta, aliás, pode pensar que gostei da medida da Prefeitura de restrição das vagas de rua para carros. A resposta completa é mais complicada: acho que ela vai melhorar a fluidez, sim, mas que isso vai estimular ainda mais carros a saírem de suas garagens no médio/longo prazo, piorando ainda mais o trânsito da cidade.
É o chamado paradoxo de Braess:
Adicionar capacidade extra a uma rede, quando entidades móveis escolhem seu trajeto livre (egoisticamente), pode em alguns casos reduzir o desempenho geral. Isto ocorre porque o 'Equilíbrio de Nash' de tal sistema não é necessariamente o ótimo.
A visão futurística do que São Paulo está se tornando eu já apresentei aqui neste blog, reproduzindo a bela sátira da Revista Piauí (ver especialmente a galeria de imagens!).
E o oposto, diminuir o número de "pistas de rolamento"? Quem vai ser o louco a propor isso para melhorar a mobilidade urbana?
Louco número 1: Seul, Coréia do Sul
Cheonggyecheon é uma 23 de maio invertida: em vez de asfaltar o córrego Itororó e criar mais "porta-trânsito", os sul-coreanos fizeram de uma avenida um muito simpático córrego:
Resultados: Seul ficou muito mais bonita (ver acima); "refrescante" (a temperatura nos arredores de Cheonggyecheon é cerca de 3,6 °C ao resto da cidade); e a velocidade do trânsito nos arredores do córrego aumentou (pessoas trocaram carros por transporte público).
Louco número 2: Nova Iorque, Estados Unidos
Em 1990, o prefeito nova-iorquino Dinkins promoveu uma grande revitalização da Times Square, uma região então bastante degradada da Grande Maçã. Como parte da iniciativa, fechou para circulação de veículos a rua 42, freqüentemente congestionada. Todos esperavam o caos, mas a circulação no centro de Manhattan... melhorou!
Em 2009, o prefeito Bloomberg repetiu a experiência (na verdade, idéia da comissária de Transportes da cidade, a visionária Janette Sadik-Khan), fechando partes da avenida Broadway para carros. O nova-iorquino respondeu ocupando a grande avenida com pedestres e ciclistas. Não apenas melhorou o trânsito, mas o comércio dos arredores, e a qualidade de vida do nova-iorquino em geral.
Seria demais pedir um pouco mais dessa "loucura boa" para os governantes daqui de Pindorama?
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