FOLHA - Em "A Perigosa Ideia de Darwin" o sr. diz que, ainda que não seja possível ou sensato rezar para o Universo, a ciência proporciona uma espécie de assombro transcendental diante dele. Nesse ponto, a ciência e a religião não se aproximam?
DENNETT - Sim, eu acho que a melhor ideia da religião é encorajar uma certa modéstia, um respeito e uma reverência pela natureza neste incrível Universo que nós habitamos. E, claro, isso remonta diretamente a [Baruch] Spinoza [filósofo holandês do século 17], para quem o caminho para estudar Deus é estudar a natureza. Acho que o respeito e o amor por este mundo maravilhoso no qual existimos, que pode nos inspirar a melhorá-lo para outras pessoas, é a melhor mensagem da religião, e a ciência pode compartilhar esse sentimento.
Apesar do ranço do "ateu militante" (à lá Dawkins) nas outras respostas, estamos de acordo no trecho acima. Aliás, outros dois ótimos programa que ouvi neste fim de semana me faz pensar que o caminho, a base para o diálogo e de superação da tensão entre religião e ciência, seja exatamente esse:
NPR: This I Believe
There Is More To Life Than My Life
Point of Inquiry
Elaine Howard Ecklund: How Religious Are Scientists?
O primeiro me mostrou uma maneira bastante natural, serena, e até poética, de lidar com a morte. Como não acreditamos num "depois" consciente, um reencontro com os entes queridos perdidos (família, amigos, animais de estimação), nosso processo de superação de uma perda é muito mais lento e doloroso (até hoje me afeta muito a morte de um grande amigo em 2001). Também reforça meu senso de responsabilidade para com o planeta. Ouçam: tem apenas 5 minutos, e é muito bonito.
O segundo link parece mostrar que os "novos ateus" (os cientistas ateus militantes) podem estar errados em sua estratégia: talvez precisemos de mais cientistas religiosos, e não menos. Esse tem +/- 1 hora de duração, mas é igualmente bom, e pano pra manga para muita reflexão e debate.
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