Washiton não consegue conter a felicidade. Se entrega eufórico ao convite das portas automáticas e se lança com entusiasmo nos corredores do shopping. Não tem a intenção de comprar nada. Só corre, de braços abertos e sorriso escancarado, costurando veloz aqueles longos e lustrosos caminhos, uma estrada de tijolos amarelos que não leva a canto nenhum em particular. Com os olhos semicerrados, Washiton vê uma sequência de flashes de coisas maravilhosas. Televisões enormes, vestidos curtos, papeizinhos perfumados que ele agarra de vez em quando, pantufas — pantufas! —, bonecos do Buzz Light-year, aqueles travesseiros da Nasa de viscoelástico que se amoldam ao contorno da cabeça e da cervical, e se mantêm na posição enquanto dormimos! Tudo passando num continuum, como um carrossel de cavalinhos ligeiros visto de fora. A bossa nova genérica em volume moderado assobiando em seus ouvidos e o ventinho soprado intermitentemente das frestas no teto tornam aquele momento ainda mais agradável. Ao longe, Washiton avista algo parado no meio do corredor. Ele arregala os olhos e percebe que um coelho branco de uns 2 metros de altura está a sua espera, dançando e acenando para ele. Seu coração se inunda de um novo e arrebatador sentimento de bem-aventurança. Ele fecha os olhos, abre ainda mais os braços e acelera a corrida em direção ao coelhão. No trajeto deixa escapar uma mistura de grito e riso, tamanha a emoção. Ele então salta e mergulha no coelho. Abraçado com força àquela coisa grande e fofa, uma lágrima brota no canto do olho.
5 figuras (e 1 coletivo)
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