quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Piauienses: O “pemedebismo”

O “pemedebismo” na nova gramática política do Brasil:

É um modo de fazer política que franqueia entrada no partido a quem assim o deseje. Pretende, no limite, engolir e administrar todos os interesses e ideias presentes na sociedade.

[...]

O essencial da cultura política inaugurada pelo PMDB na década de 1980 é o fato de que, desde o declínio da ditadura militar, sua identidade deixa de se construir por oposição a um inimigo, real ou imaginário, e passa a ser construída com base em um discurso inteiramente anódino e abstrato, sem inimigos, cujo sentido mais importante é garantir o sistema de ingresso universal e de vetos seletivos.

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quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Piauienses: Madona Sistina

Uma descrição secular da Madona Sistina, de Rafael:

Creio que esta Madona é a expressão mais ateísta possível da vida, do que é humano, sem participação divina.

[…]

Aquilo que é humano no homem vai ao encontro do seu destino, e em cada época o destino é peculiar, é distinto do que foi para a época precedente. O que esses diversos destinos têm em comum é o fato de serem todos igualmente difíceis.

Mas o que é humano no homem continua a existir, mesmo quando o pregaram numa cruz ou o torturaram numa prisão.

Isso que é humano no homem continua a viver nos abrigos de pedra, no frio de 50 graus abaixo de zero, nos acampamentos de lenhadores na taiga, nas trincheiras alagadas de Przemysl e de Verdun. Continua a viver na existência monótona dos empregados de escritório, na miséria das lavadeiras e das mulheres da limpeza, na labuta sem alegria dos operários de fábrica, na luta vã contra a necessidade, até a exaustão.

A Madona com o filho nos braços é o que no homem existe de humano, e nisso reside a sua imortalidade.

Olhando a Madona Sistina, nossa época toma consciência do próprio destino. Cada época contempla esta mulher que carrega o filho nos braços, e entre os homens de diferentes gerações, de povos, raças e tempos diversos nasce uma fraternidade que é terna, comovente e dolorosa. O homem toma consciência de si, da cruz que deve carregar, e de súbito compreende o elo milagroso que une todas as épocas, a ligação entre o que vive agora e tudo o que jamais viveu e viverá.

Na segunda parte desse maravilhoso texto, Vassíli Grossman traz a Madona para seu lugar e tempo, entre a Alemanha nazista e a União Soviética stalinista. É de arrepiar.

Às 8 horas da manhã de uma quinta-feira chuvosa que não prometia nada de especial, o texto arrancou dos meus olhos lágrimas sentidas.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Piauienses: Fractais

Essa característica — a autossemelhança — é o centro da geometria criada por Mandelbrot. O mínimo se parece com o imenso. Uma pequena nuvem é semelhante a uma nuvem grande e ambas obedecem a um princípio organizador único. A natureza está repleta de formas assim, cheias de reentrâncias, segmentos retorcidos, entrelaçados, irredutíveis à suavidade das formas puras. O salto que ele deu foi afirmar que essa é a verdadeira geometria do mundo natural. As irregularidades não são deformações da perfeição clássica, mas o idioma próprio da natureza.

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Piauienses: Petrobras e o pré-sal

Na conclusão do parecer, no qual Maturana assinou o seu “De acordo”, está dito que “os equipamentos de contenção e recolhimento apresentaram problemas (barreira afundada em vários trechos e recolhedor quebrado), não sendo possível a simulação dos procedimentos. Ressalta-se que os mesmos problemas se repetiram em praticamente todos os simulados realizados pela empresa no ano de 2009, o que demonstra a necessidade de uma alteração dos seus procedimentos de avaliação e manutenção destes equipamentos”.

[...]

Num segundo parecer, de 19 de maio, assinado por dez analistas ambientais, sete deles presentes no simulado da plataforma SS-53, depois de uma referência ao acidente da BP no Golfo do México, se afirma que grandes vazamentos de óleo exigiriam uma quantidade de recursos e uma organização logística bem mais ampla do que a Petrobras dispõe hoje: “Percebe-se que, mesmo em vazamentos de 80 metros cúbicos – 80 mil litros –, considerados ‘médios’ na legislação brasileira, a empresa tem apresentado dificuldades na execução dos exercícios de resposta até mesmo em situações previamente definidas, muito diferentes de um acidente real.”

E a equipe recomenda, com gravidade: “Levando em conta as pretensões da empresa em ampliar suas operações de exploração e produção de óleo na Bacia de Santos, entende-se que, para futuros empreendimentos, a empresa deverá reformular toda a sua estrutura de emergência.”

A Petrobras teve uma nova chance três meses depois, em 9 de junho: um segundo simulado, na mesma plataforma SS-53, e praticamente nas mesmas condições, incluindo o aviso prévio. “A Petrobras foi novamente reprovada, porque cometeu os mesmos erros”, contou Maturana fazendo riscos numa folha de papel. “É muito grave que tenha cometido tantos erros e não tenha atendido o tempo de resposta, que é chegar à área do derrame no tempo estabelecido. Como vai procurar manchas de óleo na região, ou instruir as embarcações, se o helicóptero não tem autonomia? Nós então determinamos que ela só obteria novas licenças de operação, para furar novos poços, se mudasse o Plano de Emergência.”

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Piauienses: As aventuras de um amazonense nos EUA

Quando pressenti o que viria, já era tarde: “Abaixe a cueca, vamos ver se tem alguma coisa aí.” Nunca me senti tão caboclo: nas partes, também não sou nenhuma floresta amazônica. Eu estava todo envergonhado e ela pegou uma maquininha e começou. Eu em pé, ela de joelhos à minha frente, de luvas, é claro. Para não sair de lá com um rombo de um só lado do púbis, pedi que ela cortasse o outro lado também. O processo todo demora, a coleta vai para um plástico, você assina que aquela amostra é sua, e o conjunto é selado na sua frente. Eu sabia que seria aprovado.

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