Amaral olhava do helicóptero para aquele desastre e pensava nos tantos que ainda iriam ocorrer no futuro, por puro descaso. Um estudo feito pelo seu grupo mostrava que no Brasil há um atraso de cinquenta anos na prevenção de catástrofes. Ainda que se comece agora a fazer um programa – necessário e caro – de remoção de moradores, de recuperação de encostas e de dragagem de rios, ainda se levará meio século para que chuvas como a do último verão não provoquem tantos danos.
[...]
Até agora, não se sabe o que fazer com os desabrigados. Em Nova Friburgo, nenhuma nova casa foi construída para abrigá-los. Nenhum plano de recuperação foi ainda apresentado. A economia da cidade, com as perdas da indústria, do comércio e do turismo, encolheu.
Ninguém, entre as dezenas de milhares de feridos, ou os 12 mil que perderam suas casas, ou os familiares dos 440 que morreram, recebeu qualquer indenização. Nenhuma autoridade foi responsabilizada ou perdeu o emprego. Não houve nenhum protesto.
O fim do mundo
A catástrofe de Friburgo, obra nacional
por Consuelo Dieguez
http://revistapiaui.estadao.com.br/edicao-56/questoes-recorrentes/o-fim-do-mundo
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