Uma criança, cujos pais adotivos mantenham relacionamento homoafetivo, terá grandes dificuldades em explicar a colegas de escola porque tem dois pais, sem nenhuma mãe, ou duas mães, sem nenhum pai. É dever do Estado colocar a salvo a criança de situações que possam causar-lhes embaraços e vexames.
quarta-feira, 28 de abril de 2010
Quase tão iguais
quarta-feira, 21 de abril de 2010
terça-feira, 20 de abril de 2010
Government requests
terça-feira, 13 de abril de 2010
Semear no altar
"Por isso que a gente tem que perguntar [ao fiel]: "Você crê mais na crise ou você crê em Deus? Porque se você crê na crise, então você vai guardar para ela, ela vai pegar o que você tem. Sem que você saiba, quando você acordar, já era. Mas se você crê em Deus, você vai pegar o que a crise pode pegar e você vai colocar onde? [...] Vai semear no altar!", diz.
Romualdo indaga se Clodomir compreendeu: "É ou não é, Clodomir? Entendeu? [...] Não é legal isso?". Clodomir concorda: "Arrebenta. Tá ligado".
[...]
Vídeo de outra reunião indica que membros da igreja procuraram se aproximar de criminosos para evitar assaltos a carros-fortes que transportam dinheiro doado por fiéis.
Romualdo conta que um carro-forte com R$ 52 mil arrecadados pela igreja havia sido assaltado na Grande São Paulo. Ele atribui a autoria do crime a policiais e diz que pastores e bispos deveriam fazer contato com a criminalidade.
quinta-feira, 8 de abril de 2010
Escolha incompreensível
São Paulo, quinta-feira, 8 de abril de 2010
Contagem sinistra
Governantes culpam a chuva por problemas que poderiam evitar, como mortes decorrentes de ocupações irregulares
A TEMPESTADE que alcançou o Rio de Janeiro entre a noite de segunda-feira e a manhã de terça, a maior já registrada na história da cidade, fez crescer uma contabilidade sinistra. Pelo menos 130 pessoas foram somadas ao total de vítimas das chuvas no país, que caem em volumes recordes desde as enchentes em Santa Catarina, no final de 2008. Já são mais de 390 vítimas fatais, considerando apenas esses dois Estados e São Paulo.
Quase sempre, a causa é a mesma. Moradores de áreas de risco são arrastados com suas casas pela terra que, encharcada, desce pelas encostas. Tão previsível quanto as chuvas do verão e os deslizamentos no acidentado terreno da costa brasileira é o discurso dos governantes. Anteontem, Eduardo Paes (PMDB) fez coro à ladainha.
O temporal foi atípico, disse o prefeito do Rio. Nenhum planejamento seria suficiente para impedir os estragos causados por tamanha precipitação pluviométrica. "Não há galeria pluvial limpa que resista a essa quantidade de chuvas", argumentou.
As explicações, repetitivas, embaralham problemas distintos, que ensejam graus variados de intervenção do poder público. Paes tem razão ao salientar que não é possível passar por eventos climáticos extremos como esse sem algum tipo de dano à cidade. Ruas alagadas, caos no trânsito, transtornos para os cidadãos são, de fato, muitas vezes inevitáveis. Tantas mortes, não.
Um dos aspectos mais cruéis da série de tempestades que vem afetando a vida de milhões de brasileiros está no fato de seus efeitos mais graves resultarem de problemas conhecidos e passíveis de serem solucionados.
As vítimas moravam em locais inapropriados, e caberia ao Estado impedir que estivessem ali. Há décadas são ignorados os problemas habitacionais da população mais pobre das grandes cidades. Ao mesmo tempo, acordos tácitos entre a demagogia de governantes e a carência da população transformaram improvisos ilegais em situações de fato.
Mesmo em áreas onde a construção é permitida, mas que chuvas intensas podem tornar perigosas, um sistema eficiente de alerta, capaz de evacuar a população sempre que a precipitação ultrapasse determinados limites, poderia prevenir tragédias.
Reportagem de ontem nesta Folha revelou que faltam monitoramento e atualização mais frequentes aos mapas geotécnicos das áreas de risco no Rio.
Tais cartas são imprescindíveis para que se comece a separar problemas "naturais" advindos das chuvas daqueles que podem ser evitados com planejamento e intervenção do poder público. A persistência da confusão entre os dois aspectos só interessa aos incompetentes.
URL: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz0804201001.htm
quarta-feira, 7 de abril de 2010
Chega de saudade
São Paulo, quarta-feira, 7 de abril de 2010
A candidata oficial erra ao voltar-se para o passado com o intuito de forjar uma revanche na disputa particular de FHC e Lula
EM SEU PRIMEIRO discurso depois de deixar a Casa Civil, a candidata Dilma Rousseff insistiu na tentativa de comparar o atual governo com o anterior.
Não se sabe o que pesa mais nessa estratégia enviesada, se a obsessão íntima do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de se medir com o antecessor Fernando Henrique Cardoso ou a percepção de que é mais vantajoso para a representante da situação transformar eleições que decidem o futuro do país em avaliação de fatos passados.
Não é demais lembrar que um brasileiro com 18 anos completados em 2010 comemorava 10 ao término do governo FHC -e era uma criança de dois anos quando o sociólogo tucano assumiu.
Esse hipotético cidadão não terá idade para lembrar em que país se vivia no início da década de 90. Mas, se procurar informações, saberá que coube a FHC, na sequência do impeachment de Fernando Collor, e ainda no governo de Itamar Franco, lançar um plano -depois de várias tentativas frustradas- capaz de superar o perverso ciclo hiperinflacionário que havia anos dilapidava a economia popular e impedia o desenvolvimento do país.
Se pretende incursionar pelo passado, poderia a candidata lembrar a seus potenciais eleitores que o Partido dos Trabalhadores negou sustentação ao presidente Itamar Franco e bombardeou o Plano Real. Ou seja, opôs-se de maneira pueril e ideológica a uma das mais notáveis conquistas econômicas da história moderna do país, que propiciou aos brasileiros pobres benefícios inestimáveis, sob a forma de imediato aumento do poder aquisitivo e inédito acesso ao sistema bancário.
Sabe bem a ex-ministra que se alguém nesses anos mudou de pele foi antes o PT do que o PSDB. O que terá sido a famosa "Carta aos Brasileiros" senão uma providencial e pública troca de vestimenta ideológica do candidato Lula -que, eleito, sob aplausos do mundo financeiro, indicou um tucano para o Banco Central (agora no PMDB) e um ex-trotskista com plumagem neoliberal para a Fazenda?
É um exercício vão buscar comparações e escolhas plebiscitárias entre gestões que se encadeiam no tempo. Os avanços e problemas de uma transformam-se em acúmulo ou em fatos acabados na outra. Ou será que faz sentido questionar como teria sido a gestão lulista se tivesse de formular um plano para vencer a hiperinflação, precisasse sanear instituições financeiras públicas e se visse obrigada a estancar uma crise sistêmica dos bancos privados nacionais?
O Brasil precisa pensar e agir com olhos no futuro. Nada tem a ganhar com a tentativa da candidatura governista de forjar uma revanche de disputas pretéritas. Se o presidente Lula não venceu a contenda com Fernando Henrique Cardoso em 1994 não será agora que o fará -pelo simples motivo de que nenhum dos dois é candidato. O governo que se encerra neste ano teve méritos inegáveis, mas muitos deles, é forçoso reconhecer, nasceram de sementes plantadas no passado.
URL: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz0704201001.htm
terça-feira, 6 de abril de 2010
O inventor e o ganhador
Muitas vezes, mais do que um número ou uma estatística, é uma frase que define o estado de espírito do eleitorado, ou de parte dele. É comum em eleições que institutos de pesquisa organizem discussões com pequenos grupos de eleitores, de diferentes preferências partidárias, para ouvi-los sobre a disputa eleitoral. É o que se chama de pesquisa qualitativa, em oposição às quantitativas que aplicam um questionário padrão a milhares de eleitores.
Não se pode extrapolar os resultados desses grupos para o total do eleitorado, porque eles não têm representatividade estatística. Mas, por vezes, uma "pérola" pula desses debates e acaba explicando uma tendência que as estatísticas já haviam mostrado sem, contudo, apontar a causa.
Em uma dessas pesquisas qualitativas, organizada recentemente pelo Ibope, discutia-se o mérito e a origem de vários programas sociais do governo Lula. O mediador estimulava o debate perguntando se não tinham sido criados no governo tucano de Fernando Henrique Cardoso. Ao que um dos presentes sintetizou: "A gente quer saber quem ganhou a Copa do Mundo, não quem inventou o futebol".