terça-feira, 13 de outubro de 2009

As motos e as cidades

Ótima coluna do Benjamin Steinbruch na Folha de hoje sobre o problema das motocicletas nas metrópoles brasileiras. Trecho:

Estive na China há três meses e surpreendi-me com a inexistência de motos no trânsito caótico de Pequim.

Elas são proibidas na capital chinesa e em várias outras metrópoles do país, como Xangai e Guangzhou. Só bicicletas e bicicletas elétricas podem circular nessas cidades, e jamais no meio dos veículos. Usam faixas exclusivas existentes em praticamente todos os grandes centros urbanos.

Em alguns, a proibição já dura oito anos, e isso não atrapalha a indústria, que se concentra em bicicletas e motonetas elétricas.

Segundo os chineses, a proibição de motocicletas nos grandes centros -elas podem circular no interior- se deu por três razões: segurança, porque elas se envolvem em muitos acidentes com vítimas; por uma questão ambiental, porque poluem muito mais do que os carros; e para melhorar o trânsito dos veículos. No Brasil, haveria uma quarta razão, a redução da criminalidade no trânsito, já que muitos assaltos são feitos por duplas de motociclistas.

Os chineses consideram falsa a ideia de que as motos facilitam o trânsito e a locomoção das pessoas. Ao circular entre os veículos, dizem, elas provocam mais problemas do que soluções, porque dão origem a muitos acidentes e incidentes que param ou retardam o tráfego. O ideal seria segregá-las às faixas exclusivas, mas sua velocidade seria incompatível com a das bicicletas. A solução chinesa, então, foi proibir as motos e restringir o uso das faixas para bicicletas e ciclomotores elétricos, que andam a baixa velocidade, mas representam um meio de transporte importante.

No Brasil, caminhamos na direção oposta. O governo federal aprovou em julho o serviço de mototáxi no país. A lei permite que cada prefeito possa decidir sobre a liberação do serviço em sua cidade.

As motos e as cidades
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/dinheiro/fi1310200906.htm

Apesar de ele ter exaltado a "coragem" da Prefeitura de São Paulo no começo do artigo ("Cidade Limpa" ainda é paradigma de política pública para alguns, infelizmente), tudo o que falta por aqui, no que diz respeito a política de mobilidade urbana, é coragem.

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