Apenas para colocar o referendo de ontem um pouco em perspectiva internacional comparada:
Agora teremos um país a mais pintado de branco. Juntou-se à maioria das democracias.
O maior problema, para mim, é o timing: a sociedade venezuelana deveria ser capaz de decidir que gostaria que qualquer líder seu fosse capaz de concorrer indefinidamente quando o pior e mais impopular de seus líderes estivesse no poder. A perspectiva de uma democracia saudável deve ser a da alternância de poder, e a permanência, um ato de exceção, em circunstâncias especiais. Do jeito que foi aprovado, foi uma lei feita por Chávez e para Chávez. E esse tipo de personalismo é muito mais comum em autocracias.
Mas o princípio da reeleição indefinida não é absolutamente ruim. Eu não gosto: acho que o oxigênio da troca de líderes e de sua equipe, ainda que dentro de um mesmo partido, é bastante benéfico por mais que "tudo esteja indo bem". Mas numa democracia cheia de checks and balances, com eleições competitivas, pelo menos dois partidos fortes (três é melhor ainda), judiciário independente etc., é um recurso que seria invocado muito raramente (como de fato o é).
Nos EUA, só teria acontecido com FDR que, aliás, só teve seus quatro mandatos presidenciais divididos ao meio por conta desse limite constitucional, e pode não ter tido mais que quatro apenas porque morreu no início do último, relativamente jovem (62) -- quem sabe se ele não tivesse sido um fumante inveterado...
Nos EUA, só teria acontecido com FDR que, aliás, só teve seus quatro mandatos presidenciais divididos ao meio por conta desse limite constitucional, e pode não ter tido mais que quatro apenas porque morreu no início do último, relativamente jovem (62) -- quem sabe se ele não tivesse sido um fumante inveterado...
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