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O MENINO II — A MISSÃO: MATAR MAMÃE
Fechou os olhos para prender as lágrimas. Envolveu o pai num apertado abraço. Quisera naquele momento usar o poder da telepatia, avisar seu pai da verdadeira pessoa com quem ele se casou. Não tinha forças para dizer nada, estava muito abalado.
— Se foi aquele seu amigo Júlio... diga, filho, ele andou te batendo de novo?!
— N-n-não... papai. — diz ele, soluçando.
A mãe desce as escadas. Trazia na mão um comprimido de Aspirina®. Ao esticar a mão para oferecê-lo ao menino, ele reagiu com um grande tapa, fazendo o remédio atravessar a sala num pequeno mas tenso instante. Ela preparava-se para uma grande bronca, armava-se numa expressão facial repressora, quando...
— Você já havia assistido a esse filme antes, mamãe? — Dispara a inesperada pergunta.
— Er... não, claro que não! P-por que eu teria assistido outra vez? E não disfarce. Que estória é essa de dar um tapa na minha mão? Está louco?!
Era óbvio que já tinha assistido ao filme! Senão não teria me contado sobre a cena do passaporte, não teria perdido os quinze primeiros minutos do filme, ou teria esperado o começo da próxima sessão para vê-lo.
— Não estou louco não, pô! Estou é furioso! Furioso! — diz ele, correndo em direção à porta. — Vou para a casa do Júlio!
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