Ísi relembra: “Quando ele encerrou com ‘Que Deus proteja a Islândia’, todo mundo pensou: ‘Fodeu.’” Alguns saíram atrás de um caixa 24 horas para ver se o sistema ainda funcionava. Outros ligaram para casa e tentaram acalmar a família. Muitos pensaram em estocar comida. “Foi a semana louca”, prossegue Ísi.“Em sete dias, todos os bancos quebraram. Sem recursos externos, a Islândia talvez não conseguisse mais importar comida e, como quase nada cresce nessa terra gelada, nós passaríamos fome. Nunca tínhamos ouvido falar em ‘segurança alimentar’.” De um dia para outro, a carruagem virava abóbora. “Nem isso”, reagiu um cidadão perplexo, “uma abóbora a gente come.”
A ilha-laboratório
Três anos depois de um colapso financeiro devastador, a Islândia é tida como exemplo por manifestantes europeus, economistas reputados e organismos internacionais. Na iminência da derrocada do projeto europeu, o país tem mesmo algo a ensinar?
por João Moreira Salles | Revista Piauí | edição 65 (fev/2012)
http://revistapiaui.estadao.com.br/edicao-65/carta-da-islandia/a-ilha-laboratorio