terça-feira, 27 de outubro de 2009

Contrabando: a outra fronteira

São 16 mil km de fronteira seca do Brasil com seus vizinhos latino-americanos. Muito menores são as fronteiras das regiões metropolitanas do Rio de Janeiro e de São Paulo, onde praticamente todas as armas de grosso calibre e parte considerável das drogas ilícitas vão parar.

Em quais fronteiras vale mais a pena concentrarmos nossos esforços, pessoal e recursos?

Luiz Eduardo Soares já havia oferecido essa sugestão --de sufocar o tráfico de drogas e armas nas fronteiras municipais-- em 2006 ao (então futuro) governador fluminense, em seu livro "Segurança tem saída".

R$ 9,90 (mais frete) e um fim de semana de leitura concentrada, governador!

Oxalá os próximos governadores do Rio e de São Paulo o leiam.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Aborto

"The most recent data available, for 2003, show that a woman is as likely to have an abortion in regions where it is broadly legal as in regions where it is highly restricted."

Achei o gráfico abaixo bastante compelling (convincente + impressionante).

Dá base para começar a se discutir isso mais seriamente aqui no Brasil. A proposição é que a barra verde tome o lugar da rosa e, em segundo lugar, que ela progressivamente diminua no tempo (sem que a rosa aumente). Como defende Hillary Clinton: "abortion should be safe, legal and rare".

Infelizmente, é um "third rail" latino-americano (e africano), e não será uma bandeira a ser assumida por nenhum político disputando cargo eletivo...

PS: Não é curioso como é o mesmo tipo de solução sensata que para outras questões polêmicas, como drogas (redução de dano, não proibição), armas de fogo (controle, não proibição) e prostituição (regulação e proteção, não proibição)?

* * *

Abortion

A woman's right

Oct 14th 2009  |  From Economist.com

Restrictive abortion laws do not prevent abortion

AROUND 40% of women live in countries where abortion is severely restricted by law, a figure that has changed little in a decade. Such laws do not prevent abortion, but they do mean that the procedures are more often unsafe (for example carried out by an unskilled practitioner in unhygienic conditions), according to a report by the Guttmacher Institute, a research group. Some of the highest abortion rates are in Latin America, where abortion is all but outlawed. Nearly all abortions in Africa are unsafe, despite the liberalisation of laws in South Africa in 1997. The most recent data available, for 2003, show that a woman is as likely to have an abortion in regions where it is broadly legal as in regions where it is highly restricted. Globally the abortion rate has fallen since 1995 mainly through a reduction in safe abortions. Unintended pregnancies have also fallen, from 69 per 1,000 women in 1995 to 55 per 1,000 in 2008, as contraception use has increased.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

As motos e as cidades

Ótima coluna do Benjamin Steinbruch na Folha de hoje sobre o problema das motocicletas nas metrópoles brasileiras. Trecho:

Estive na China há três meses e surpreendi-me com a inexistência de motos no trânsito caótico de Pequim.

Elas são proibidas na capital chinesa e em várias outras metrópoles do país, como Xangai e Guangzhou. Só bicicletas e bicicletas elétricas podem circular nessas cidades, e jamais no meio dos veículos. Usam faixas exclusivas existentes em praticamente todos os grandes centros urbanos.

Em alguns, a proibição já dura oito anos, e isso não atrapalha a indústria, que se concentra em bicicletas e motonetas elétricas.

Segundo os chineses, a proibição de motocicletas nos grandes centros -elas podem circular no interior- se deu por três razões: segurança, porque elas se envolvem em muitos acidentes com vítimas; por uma questão ambiental, porque poluem muito mais do que os carros; e para melhorar o trânsito dos veículos. No Brasil, haveria uma quarta razão, a redução da criminalidade no trânsito, já que muitos assaltos são feitos por duplas de motociclistas.

Os chineses consideram falsa a ideia de que as motos facilitam o trânsito e a locomoção das pessoas. Ao circular entre os veículos, dizem, elas provocam mais problemas do que soluções, porque dão origem a muitos acidentes e incidentes que param ou retardam o tráfego. O ideal seria segregá-las às faixas exclusivas, mas sua velocidade seria incompatível com a das bicicletas. A solução chinesa, então, foi proibir as motos e restringir o uso das faixas para bicicletas e ciclomotores elétricos, que andam a baixa velocidade, mas representam um meio de transporte importante.

No Brasil, caminhamos na direção oposta. O governo federal aprovou em julho o serviço de mototáxi no país. A lei permite que cada prefeito possa decidir sobre a liberação do serviço em sua cidade.

As motos e as cidades
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/dinheiro/fi1310200906.htm

Apesar de ele ter exaltado a "coragem" da Prefeitura de São Paulo no começo do artigo ("Cidade Limpa" ainda é paradigma de política pública para alguns, infelizmente), tudo o que falta por aqui, no que diz respeito a política de mobilidade urbana, é coragem.

domingo, 4 de outubro de 2009

Vídeo do dia

"Classe Média", de Max Gonzaga